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quarta-feira, 2 de março de 2011


As Bem-Aventuranças do Educador

Felizes os Educadores
que tomam consciência do conflito social em que estão metidos
e nele tomam partido pelo projeto social dos empobrecidos
porque assim contribuirão para a transformação da sociedade.

Infelizes os Educadores
que imaginam que a ação educativa é politicamente neutra
porque acabam transformando a educação num instrumento de ocultação
das contradições da realidade social
e de reprodução da ideologia e das relações sociais vigentes.

Felizes os Educadores
que sabem articular o saber chamado científico com o saber popular
porque ajudarão as classes populares a afirmar sua identidade cultural.

Infelizes os Educadores
que transmitem mecanicamente um saber elitista
porque contribuem para reforçar a marginalização
e a dominação cultural do povo.

Felizes os Educadores
que aprendem a dialogar com os educandos
porque resgatam a comunicação pedagógica criadora no processo educativo.

Infelizes os Educadores
que impedem os educandos de dizerem sua palavra,
porque estão reproduzindo a educação do colonizador.

Felizes os Educadores
que se tornam competentes em suas "disciplinas"
ensinando a "desopacizar" ideologicamente seus conteúdos
porque ajudarão os educandos a se apropriarem do saber
como ferramenta de luta na defesa e afirmação de sua dignidade.

Infelizes os Educadores
que não se esforçam para ser criticamente competentes
porque enfraquecerão mais ainda o poder cultural das classes oprimidas
reforçando o autoritarismo cultural das classes dominantes.

Felizes os Educadores
que procuram se organizar para conquistar
melhores salários e melhores condições de ensino
porque estão ajudando a conquistar a educação a que o povo tem direito.

Infelizes os Educadores
que atuam isoladamente, buscando apenas seus próprios interesses
porque deixarão de contribuir para a conquista de uma escola digna.

Felizes os Educadores
que iluminam sua prática com o sonho de um futuro novo
em que as pessoas aprendam, através de novas relações sociais,
as lições da justiça e da solidariedade.

Infelizes os Educadores
que não sonham
porque não terão a coragem de se comprometer na luta criadora
de uma nova sociedade a partir de sua prática educativa.

Felizes os Educadores
que aprendem a fazer da ação de cada dia
a semente da nova sociedade.

Infelizes os Educadores
que pensam que as coisas novas só aparecerão no futuro
porque não perceberão, nem farão perceber
que o "novo" já está no meio de nós,
brotando de nossas práticas transformadoras,
solidárias com as lutas dos espoliados da terra.

Autor José Ivan Pimenta Teófilo

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