A última paisagem
Um dia
Haverá de voltar ao teu planeta
Abandonado de total destruição,
E tu, predador de ti mesmo,
Olharás a terra em tua volta...
Verás cinzas, vestígios de vida:
Ossadas de animais, esqueletos
Ao invés de árvores, folhas, verdes e flor,
Apenas lúgubres troncos, mortos,
Tenebroso filme passará em tua mente,
Em câmara lenta cada passo de tua vida
A criança brincando inocente,
O “homem gente”, imagem e semelhança divina:
Cada árvore destruída, o lixo, a poluição...
Os alertas dos ecologistas,
Os cientistas e suas “inatingíveis” previsões...
Num momento de extrema loucura,
Procurarás alguém para pôr a culpa.
Apenas tu, na paisagem assolada,
Gosto indizível de solidão em tua boca,
Como um pássaro destrói seu
Encontrarás Deus, mesmo nas cinzas,
Numa rosa despetalada e quase morta.
Vai querer chorar, não haverá lágrimas
Em teus olhos impermeáveis.
Mas, desafiando a analogia do teu coração
Gritarás tardia profissão de culpa
E ouvirás o eco do teu próprio grito:
“Eu fui feliz! Já morei no paraíso!”
Edson Francisco dos Santos
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