De volta às aulas, mesmo ainda penta!
Júlio Furtado
Publicado no Jornal O DIA/RJ em 18/07/2014
Pensávamos que seríamos hexacampeões no segundo semestre. A realidade
é que o semestre está começando e ainda somos penta. O segundo semestre
que sempre sofreu de certa síndrome do cansaço e da ansiedade pela
chegada do final do ano terá como peso extra o compromisso de seguir em
frente após acordarmos do sonho. Todo esse contexto nos leva à reflexão a
respeito da importância da educação para que aprendamos a lidar com a
frustração de uma derrota ou de uma perda. E não estamos falando de
ações frenéticas que nos levam a repetir que tudo vai dar certo, que é
só acreditar de verdade que tudo se resolverá no final. Com todo
respeito, tenho um pé atrás com propostas baseadas em euforias
compulsivas e contagiantes que funcionam com base na força da palavra.
Falo aqui, não de dar a volta por cima, mas de “dar a volta por baixo”.
Isso mesmo. Ir ao âmago da frustração ou da dor para desmistificar e
entender suas causas.
Assim como no futebol, na educação também estamos precisando “olhar
para dentro” de nós mesmos e identificar onde estamos errando. O que
fizemos no primeiro semestre que não funcionou e que precisamos fazer
diferente de agora em diante? O que deu certo e precisamos manter e
aperfeiçoar? O que deixamos de fazer e que é fundamental que comecemos a
fazer já? O segundo semestre é uma oportunidade de renascimento que
exige que pisemos no chão e andemos de forma determinada. Não esqueçamos
que a ilusão de sermos bons pode nos levar a não saber lidar com a
frustração a ponto de ficarmos perdidos em campo ao levar um gol. Essa é
outra questão que não pode ficar ausente de nossos currículos: a
capacidade de auto avaliação a partir de uma visão real de nós mesmos,
com todas as nossas forças e fraquezas, possibilidades e limitações.
Tomando o futebol como fonte de inspiração, vale encararmos a
necessidade de valorizar as ações de base, ou seja, de nos empenharmos
no planejamento e na execução de cada atividade que propomos no dia a
dia de nossas aulas. Vale também a intensificação dos treinos no sentido
de melhorar naquilo que ainda não está bom. Mais uma vez lembremos que o
treino não funciona para quem não reconhece e identifica suas
fragilidades e necessidades de melhoria. O melhor treino para nós,
professores é a formação continuada, em especial a reflexão sobre a
nossa prática, seguida de troca com os colegas. É dessa forma que
aprenderemos a dar aulas melhores e nos fortaleceremos enquanto
categoria profissional.
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