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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Crônica: Lembra aquela vez quando a gente __?

A amizade madura é bem diferente daquela que eu imaginava anos atrás. Eu, na minha infantilidade, pensava que amizade era estar sempre próxima, falar com frequência, dividir todas as estações. E que surpresa boa descobrir que não necessariamente é assim.

 

A amizade madura, por vezes, é justamente o oposto. Ela é livre de cobranças, não tem o peso das obrigações da vida. A amizade madura escuta "já te ligo, ocupadíssima agora".

 

E a ligação é retomada nove dias depois. A amizade madura mantém contato diário ou some por anos.

 

Ela pode estar no reencontro inesperado "cara que saudades, casei, tive filhos e você?"

 

A amizade madura sabe que há épocas na vida onde você dá, dá, dá, e outras onde você recebe, recebe, recebe. Mas que no final das contas, na longa jornada, a balança se alinha. Porque a amizade madura se entende. No consolo, na risada, na ausência, no abraço, no puxão de orelha.

 

Amizade madura é gostosa, fácil de levar.

 

A amizade madura está no "poxa, por que você fez isso?" E também no "desculpa, pisei na bola".

 

A amizade madura pode perdoar instantaneamente ou precisar de alguns anos para sarar. A amizade madura mora na mensagem depois de tempos sem se falar "ei, sonhei com você, tá tudo bem?" A amizade madura respeita as diferentes fases da vida. Há amigas com filhos, amigas solteiras, amigas focadas na carreira.

A amizade madura é aquela que revive recordações cada vez que se encontram:

E as risadas rolam soltas e viram lágrimas de riso. A amizade madura pode ser reservada, mas pode atingir níveis astronômicos de intimidade:

 

"Lembra quando fiquei sem grana até pra comprar pão?" A amizade madura se entrelaça na sua história, se mistura com sua essência. É especial porque é a mais livre dos arbítrios. É escolher manter no coração alguém que se não fosse pela amizade, seria apenas mais um estranho destes que a gente vê no cruzamento.

 

Sim, a amizade madura é uma escolha, sem interesses, sem segundas intenções ou lenga lenga. É uma decisão nossa, íntima. E é isso que faz dela tão forte que nem o tempo, nem a distância, e nem as curvas da vida conseguem apagar.

Autoria desconhecida.

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