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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Educação Ambiental



Para início de conversa

             Ecologia parece ser o tema da moda. Nos jornais e na televisão ele está cada vez mais presente. Até nos comerciais e nas embalagens de diversos produtos constantemente são mostradas cenas de florestas e de animais. Grupos ou pessoas identificadas como ecologistas ou defensores do meio ambiente ganham espaço na mídia. Difundem-se slogans como “Respeite a natureza” e “Preserve o verde”.

            Uma recente pesquisa de opinião (O que o brasileiro pensa da ecologia – 1993) apontou que o nosso povo manifesta grande interesse pelo meio ambiente: valoriza a natureza, é favorável a sua preservação e, até, a considera sagrada. Mas as posturas favoráveis à natureza revitalizam-se à medida que os temas ganham concretude ou proximidade. O brasileiro desconhece ou não tem informações sobre as questões ambientais e, em nível pessoal, não acredita estar ao seu alcance uma ação ativa e efetiva pelo meio ambiente.

            Quando solicitado a enumerar os componentes do meio ambiente, menciona em primeiro lugar, os elementos naturais: as matas, os animais selvagens, os rios, o ar e o solo. Atribui pouca importância à presença humana ou fatores sociais.

            Os dados dessa pesquisa demonstram que a população brasileira tem dificuldade em entender que ecologia, pobreza e desenvolvimento são faces de uma mesma moeda. Dessa forma, é precária a compreensão de que a degradação ambiental está evidentemente associada ao padrão de produção, distribuição e consumo do atual modelo de desenvolvimento.

            Será que a ecologia ou meio ambiente dizem respeito à natureza, como pensa majoritariamente o brasileiro, e que, portanto, Educação Ambiental significa somente explicar como funcionam os ciclos naturais e incentivar as pessoas para que amem e respeitem as plantas e os animais? Ora, de uma forma ou de outra, isso já é feito nas escolas há muito tempo; é a prática corrente ensinar a fotossíntese e comemorar o Dia da Árvore. Qual a novidade?

            É preciso ter em mente que, nos dias atuais, quando pensamos em ecologia devemos considerar:

            - as complexas relações de interdependência entre os diversos elementos da natureza, nos quais o homem se situa;

            - que o homem é capaz de conhecer e transformar a natureza, atribuindo-lhe significados e valores que se modificam ao longo da história;

            - que o homem não se relaciona com a natureza apenas como indivíduo, mas principalmente por meio do trabalho e de outras práticas sociais, e que, portanto, tal relação tem dimensões econômicas, políticas e éticas.

            Por isso, discutir acerca do meio ambiente significa tratar questões bastante complexas, como agricultura, indústria, pobreza e desenvolvimento. A Educação Ambiental não pode limitar-se a ensinar os mecanismos de equilíbrio da natureza. Fazer Educação Ambiental é também revelar os interesses de diferentes grupos sociais em jogo nos problemas ambientais. Além do amor à natureza e do conhecimento de seus mecanismos, é preciso aprender a fazer valer nossos ideais com relação aos destinos da sociedade em que vivemos e do planeta que habitamos.

Educação Ambiental: uma abordagem pedagógica dos temas da atualidade.

Centro Ecumênico de Documentação e Informação – CEDI/Koinonia –

Presença Ecumênica e Serviço / Ação Educativa/CRAB –

Movimento de Atingidos por Barragens. Rio de Janeiro, 1994, p. 9-10.

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