“Descobri
que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não
sonhar os meus próprios sonhos?
Fernando Pessoa, in: Notas Autobiográficas e de
Autognose”
Marilene dos
Santos[1]
A principal função da escola é
desenvolver no aluno a capacidade de aprender a aprender. Uma das ferramentas
fundamentais para que esse processo se instale é o domínio da linguagem; ele é
adquirido pela leitura e pela escrita e vai repercutir em todas as áreas do
conhecimento.
Com a leitura aprendemos as ideias
que circulam na sociedade, seus valores, suas disputas, os lugares que cada um
ocupa no tecido social e como se dá a mobilidade das ideias e das pessoas.
O ato de ler e escrever exige
disciplina, concentração e trabalho. Manguel, em seu livro “Uma história da
leitura” (Companhia das Letras, 1997), apresenta exemplos de leitores que
passam despercebidos como tais, como o astrônomo que lê um mapa de estrelas, o
jogador que lê os gestos do parceiro antes de jogar a carta, o público que lê
os movimentos da dançarina no palco e o amante que lê cegamente o corpo amado.
Nesse paradigma, a leitura não pode
ser limitada ao texto escrito, muito menos a um só significado existente em
cada frase, imagem, fala ou expressão. Existem diversas maneiras de se ler e de
ser leitor.
Convém ressaltar que a compreensão
de um texto não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam,
mas que possam interagir para assim, considerar que esses conhecimentos são
diferentes de leitor para leitor, o que implica uma pluralidade de leituras de
sentidos em relação a um mesmo texto.
Nós professores, temos a tarefa de
preparar nosso aluno, ajudando-o em primeiro lugar a descobrir o sentido e o
significado em cada imagem, fala ou expressão. A existência de bibliotecas é um
fator de extrema importância na formação dos leitores, e o local deve ser
aprazível, acolhedor e contar com profissionais interessados em trabalhar como
mediadores de leitura, e não como guardadores de livros.
Não basta expor os educandos a uma
multiplicidade de textos, mas selecionar e trabalhar esses textos, com base no
gênero a que eles pertencem. Leitura dirigida, por exemplo, só deve ser adotada
se acompanhada de discussão; o contrário, o ideal mesmo é a leitura livre.
O jovem precisa da escola não só
para aprender, mas para ser cidadão. A escola deve ser o elemento agregador, o
lugar de conflitos e crescimentos e, sobretudo, de reconhecimento. Qualquer profissional
é cobrado se não mostrar um bom desempenho. O resultado do nosso trabalho está
no sucesso do nosso aluno. Temos o dever de procurar ajudá-lo a alcançar o
sucesso. Verifica-se dessa forma que, na qualidade de leitores ativos, o leitor
estabelece relações entre conhecimentos anteriormente construídos e as novas
informações contidas no texto, possibilitando-lhe processar, criticar,
constatar e avaliar as informações que lhe são apresentadas, produzindo sentido
ao que leu.
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