O
que define uma pessoa agradável? Quais são as qualidades exigidas para que uma
pessoa seja aceita em determinado grupo? Qual a razão de aquele amigo chato não
ser tido como chato quando situado num outro grupo? É o subjetivismo que impera
na determinação de tais questões?
Podemos
observar que uma das “regras” que estipula o aceite em certos grupos é o fato
de indivíduo se encaixar em uma categoria que rege aquela reunião de pessoas.
Os gostos das pessoas acabarão muitas vezes por reuni-las. Um estilo musical,
por exemplo, apreciado por diversas pessoas esparsas, acaba muitas vezes sendo
um fator-liame determinante. O gosto por determinado esporte, de igual forma.
Esses agrupamentos ocasionais (ou não) já podem ser vistos na mais tenra idade.
Os “grupinhos”, ou as “panelinhas”, já vão sendo formados numa das primeiras
oportunidades sociais de encontro compulsório de pessoas: a escola. Logo nos
primeiros dias de aula, aos poucos, os grupos já vão se formando. Por mais que
haja uma divisão de alunos estabelecida pela própria instituição de ensino (as
turmas), uma divisão não regrada entre a própria turma acaba acontecendo.
Geralmente, os mais atenciosos e estudiosos acabam por se juntar (sentando nas
primeiras carteiras, quando não há um nefasto mapa de sala determinado pela
escola ou pela professora), enquanto os mais agitados formam o seu próprio
grupo. Desenvolvendo-se as relações, com o passar do tempo, grupos mais coesos
acabam se originando – não necessariamente aqueles mais chavões, mas com a
dinâmica que vai se desenvolvendo no agrupamento maior ali existente (que vai
para além da turma, ou seja, abrangendo a escola toda), grupos de todos os
jeitos são formalizados. Daí que se vê o mesmo pessoal que permanecem quase
sempre juntos nos intervalos, na entrada e na saída da escola. Com o passar dos
anos, a situação continua a mesma, mudando apenas eventualmente os amigos que
fazem parte do mesmo agrupamento.
E
o que define ou explica a afinidade que se estabelece em tais grupos? Naquelas
reuniões em que há uma particularidade que se evidencia notoriamente, a
constatação é aparente. É grupo de pessoas que estuda uma mesma área, é o
pessoal que torce para o mesmo time, é a galera que costuma frequentar o mesmo
bar, enfim, quando o fator que determina a reunião é perceptível, a explicação
para o agrupamento também o é.
No
entanto, e quando não é observável tal fator determinante? Provavelmente haverá
um ponto específico que acaba por ligar os membros do grupo que aparentemente
não possuem qualquer semelhança entre seus gostos. Torcedores de times rivais
podem ser melhores amigos, de modo que outro será o fator responsável pela
amizade próxima. Um grupo de amigos que se origina no trabalho muitas vezes
acaba possuindo tão somente o fator “trabalhar no mesmo lugar” como liame
responsável pela coesão do grupo, já que tal agrupamento pode contar com
pessoas com diferentes religiões, times, gostos musicais, locais que apreciam
ir, origens e afins.
A
dinâmica de uma relação, sob tal prisma, pode ser tida como caótica ao se
considerar a busca pelo fator determinante da coesão, pois em determinados
casos é difícil buscar o liame fundante. A primeira impressão, uma boa conversa
inicial, a exposição de defeitos num momento posterior – quando o
relacionamento já estiver mais firme, a menção de algo agradável à ambos,
enfim, a explicação pode ser dada em diversos vieses, assim como algo em
sentido contrário pode explicar o motivo da repulsa ou não aceite por alguém ou
por um grupo. Seja como for, a dinâmica sempre se faz presente, dividindo-se em
diversos e mínimos detalhes que poderiam explicar a ligação (ou a sua
ausência). A subjetividade também não foge à regra, já que um mesmo indivíduo
expondo as mesmas características acaba sendo aceito em determinados
relacionamentos e grupos, enquanto em outros não.
Fonte: http://literatortura.com
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