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domingo, 27 de março de 2016

Verso e Conversa: França Ferreira: O Cego

verso e conversa: França Ferreira: O Cego: ____________________ —  Luz!... E existe a luz? Sinto somente Que ando pregado a um féretro de chumbo, E pouco a pouco dentro em ...

Páscoa



A Origem da Páscoa
Muitos povos antigos, como os egípcios, tinham por costume comemorar o fim do Inverno e o início da Primavera com festas durante as noites iluminadas pela Lua Cheia. A primeira noite de Lua Cheia, após a entrada da Primavera, era para eles uma noite especial.
Foi durante a noite, após uma dessas comemorações, que ocorreu o Pessah (passagem, em hebraico), relatado na Torah dos hebreus e no Antigo Testamento da Bíblia Cristã, quando o Deus Jeová passou sobre o Egito e todos os primogênitos dos não hebreus foram mortos.
A essa “praga”, seguiu-se a libertação dos hebreus do Egito, liderados por Moisés. A comemoração da data da Pessah (passagem), que viria a dar origem à Páscoa dos cristãos, foi ordenada diretamente a Moisés pelo Deus dos hebreus, Jeová.
Na tradição Cristã, a Páscoa é igualmente relevante, pois quando Jesus retornou a Israel para participar das comemorações do Domingo da Pessah, foi capturado e, depois, crucificado, tendo morrido numa sexta-feira (Sexta-feira da Paixão) e ressuscitado no domingo (Domingo da Ressurreição ou Domingo de Páscoa).
É curioso que tanto os hebreus como os cristãos tenham mantido, por milênios, uma tradição de povos nômades, que saudavam o fim das noites frias de inverno aproveitando a claridade da Lua Cheia após a chegada da Primavera. Essa tradição não é exclusiva desses povos, mas é dela que se originou a Páscoa tal como a conhecemos hoje em todo o mundo.

Os Símbolos da Vida

À exuberância da vida nas estações mais amenas — a Primavera e o Verão — foram associados símbolos de fertilidade, como o Coelho e o Ovo de Páscoa. É na primavera que os coelhos ficam mais fora de suas tocas e são mais facilmente visíveis.
Era costume em muitas aldeias europeias, particularmente na Alemanha, esconder ovos de galinha desenhados nos jardins para que as crianças os encontrassem no Domingo de Páscoa.
Naturalmente, a associação entre os coelhos vistos nos campos e os ovos escondidos nos jardins acabou acontecendo no imaginário popular.
Outros muitos símbolos de vida, como por exemplo o Ramo de Oliveira, foram introduzidos por diferentes culturas em diferentes épocas.
Para nós, habitantes do hemisfério Sul da Terra, a Páscoa corresponde à entrada do Outono. Mesmo assim, por tradição, nossa cultura também mantém os mesmos símbolos de exuberância da vida para essa data comemorativa.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Procissão do Senhor Jesus dos Passos

(Outros Pródigos à Caridade na Irmandade do Senhor 
Jesus dos Passos)
 Laerte Sílvio Tavares e família
Em 2016, o evento, que é tombado como patrimônio cultural e imaterial do estado desde 2006, completa 250 anos. A partir deste ano se busca transformar o evento em Patrimônio Cultural Brasileiro. Cabendo ao título de reconhecimento como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O reconhecimento tem previsão já para meados do segundo semestre deste ano (2016).
 Laerte Sílvio Tavares
Laerte Sílvio Tavares
História

A Irmandade do Senhor Jesus Passos foi fundada no dia 01 de janeiro de 1765, com o objetivo de desenvolver o culto ao Senhor Jesus dos Passos e ser guardiã de sua imagem – que segundo a história oficial, seguia rumo a cidade de Rio Grande (RS) quando em 1764, atracou em Santa Catarina (por uma vontade divina, como afirmam os católicos da Ilha).

Mais tarde, em julho de 1782, a Irmandade iniciou a prática de obras de misericórdia e passou a prestar assistência aos doentes pobres e desvalidos, fornecendo alimentação e cuidados médicos com o auxílio do Irmão Antônio da Silva Gomes. Foi neste período que surgiu a instituição da “Caridade dos Pobres”, marco inicial para a implantação de um hospital (atualmente o Imperial Hospital de Caridade) com assistência médico hospitalar, e a Irmandade assumiu o trabalho de ajudar as pessoas que chegavam a Ilha do Desterro e não tinham um lugar para onde ir.

Hoje, a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos é mantenedora e responsável pela administração, manutenção e zelo do Imperial Hospital de Caridade, da Capela Menino Deus, da Casa de Apoio, do Cemitério, de todos os seus bens móveis e imóveis e demais atividades religiosas, com destaque para as festividades relacionadas à Procissão do Senhor dos Passos.

* Laerte Sílvio Tavares é engenheiro civil por formação, mas por atavismo, de seu avô materno, gosta das letras e escreve. “As décimas do cancioneiro português do Século XVI voltaram à voga em Portugal, e eu aqui também estou a resgatar esse estilo literário para poemas narrativos. Já compus dois livros editados pela Universidade Unisul nesse estilo – Canoas, Ventos e Mares e Ilha de Idílios. Escrevi, então, essas décimas para saudar a Irmandade do Senhor dos Passos nos seus 250 anos de existência.” – Jornal Notícias do Dia – FLORIANÓPOLIS, QUINTA-FEIRA, 10 DE MARÇO DE 2016.

Meditação para Sexta-feira Santa (em poesia)




DEUS DOS CRUCIFICADOS
                                                               Pe. Ivo Pedro Oro
Muitos tempos e culturas
Te fizeram onipotente,
Poderoso, onipresente,
Deus eterno das alturas...
Omitiram tua loucura
De amor, na cruz pregado,
Injustamente condenado
Por processo de manobras.
Cruz dá sentido à tua obra:
Viver nos crucificados.

A cruz mostra autoridades
Da política e religião
Condenando sem razão
Com seu poder e vaidade.
Mas revela a identidade
Do nosso libertador
Que dá a vida por amor
Às vitimas deste mundo.
É o gesto humano fecundo
Do mistério redentor.

Pendurado no madeiro
Sem poder dominador,
Sem beleza e sem vigor,
Sem êxito e sem dinheiro...
No matadouro o cordeiro,
Deus humilde e paciente,
Compartilha e tem presente
A dor dos injustiçados:
É o Deus dos crucificados,
Das vítimas inocentes.

Na cruz com Jesus estão:
As mulheres maltratadas,
As crianças violentadas,
Idosos na solidão,
Esquecidos da religião,
Jovens de vida vazia,
Vítimas de epidemias,
Traficados e haitianos,
Os de estado desumano
Nas nossas periferias...

Na cruz não está um poderoso
Nem um chefe de estado;
Sem riqueza e doutorado,
Sem aspecto majestoso...
Sempre amável e bondoso,
Muito fraco, mas atento
Aos humanos sofrimentos
De quem carrega a sua cruz.
A sua morte traz mais luz
Para a vida e enfrentamento.

Contemplando-te na cruz
Nós queremos compreender
Que nossa cruz e sofrer
Sempre te atinge, Jesus.
Tua morte cruel seduz
A crer num Deus que socorre,
E sua vida não transcorre
Longe de nossas desgraças:
Ele os calvários abraça
Do povo que sofre e morre.

Perdão te pedimos, Senhor,
Pois temos dificuldade
De olhar com profundidade
Da cruz, sentido e fulgor.
Vemos morto o Redentor,
Mas desviamos o olhar
E não queremos contemplar
Os crucificados de agora
E os apartamos pra fora
De nossa vida, sem lugar.

Enquanto na cruz se escuta
Impropérios e ofensas
Torna-se ainda mais tensa
A hora de dor e labuta.
No meio da cena bruta
Os algozes e os soldados
Desprezam o condenado
Com seus deboches impróprios:
‘Desce! Salva-te a ti próprio,
Tu que até perdoas pecados!

Porém, do teu coração
Enfraquecido no tormento
Misericórdia e alento
Afloram no teu perdão.
Sussurras uma oração:
“Perdoa-lhes, Pai, estás vendo,
Não sabem o que estão fazendo”.
E o ladrão arrependido
Por ti, Jesus, é acolhido
Em meio ao drama tremendo.

Não queres sangue nem fome
Nem o Pai quis a tua morte.
Mas não impôs outra sorte
Por respeitar cada homem
E a liberdade em seu nome.
Tenhamos firme na memória
Que a nossa única vitória,
Ao celebrar tua Paixão,
É reavivar a compaixão
Com os crucificados da história!!! 
                                                      (mar/2016)