DEUS DOS CRUCIFICADOS
Pe. Ivo Pedro Oro
Muitos
tempos e culturas
Te fizeram
onipotente,
Poderoso,
onipresente,
Deus eterno
das alturas...
Omitiram
tua loucura
De amor, na
cruz pregado,
Injustamente
condenado
Por
processo de manobras.
Cruz dá
sentido à tua obra:
Viver nos
crucificados.
A cruz
mostra autoridades
Da política
e religião
Condenando
sem razão
Com seu
poder e vaidade.
Mas revela
a identidade
Do nosso
libertador
Que dá a
vida por amor
Às vitimas
deste mundo.
É o gesto
humano fecundo
Do mistério
redentor.
Pendurado
no madeiro
Sem poder
dominador,
Sem beleza
e sem vigor,
Sem êxito e
sem dinheiro...
No
matadouro o cordeiro,
Deus
humilde e paciente,
Compartilha
e tem presente
A dor dos
injustiçados:
É o Deus
dos crucificados,
Das vítimas
inocentes.
Na cruz com
Jesus estão:
As mulheres
maltratadas,
As crianças
violentadas,
Idosos na
solidão,
Esquecidos
da religião,
Jovens de
vida vazia,
Vítimas de
epidemias,
Traficados
e haitianos,
Os de
estado desumano
Nas nossas
periferias...
Na cruz não
está um poderoso
Nem um
chefe de estado;
Sem riqueza
e doutorado,
Sem aspecto
majestoso...
Sempre
amável e bondoso,
Muito
fraco, mas atento
Aos humanos
sofrimentos
De quem
carrega a sua cruz.
A sua morte
traz mais luz
Para a vida
e enfrentamento.
Contemplando-te
na cruz
Nós
queremos compreender
Que nossa
cruz e sofrer
Sempre te
atinge, Jesus.
Tua morte
cruel seduz
A crer num
Deus que socorre,
E sua vida
não transcorre
Longe de
nossas desgraças:
Ele os
calvários abraça
Do povo que
sofre e morre.
Perdão te
pedimos, Senhor,
Pois temos
dificuldade
De olhar
com profundidade
Da cruz,
sentido e fulgor.
Vemos morto
o Redentor,
Mas
desviamos o olhar
E não
queremos contemplar
Os
crucificados de agora
E os
apartamos pra fora
De nossa vida,
sem lugar.
Enquanto na
cruz se escuta
Impropérios
e ofensas
Torna-se
ainda mais tensa
A hora de
dor e labuta.
No meio da
cena bruta
Os algozes
e os soldados
Desprezam o
condenado
Com seus
deboches impróprios:
‘Desce!
Salva-te a ti próprio,
Tu que até perdoas
pecados!
Porém, do
teu coração
Enfraquecido
no tormento
Misericórdia
e alento
Afloram no
teu perdão.
Sussurras
uma oração:
“Perdoa-lhes,
Pai, estás vendo,
Não sabem o
que estão fazendo”.
E o ladrão
arrependido
Por ti,
Jesus, é acolhido
Em meio ao drama
tremendo.
Não queres
sangue nem fome
Nem o Pai
quis a tua morte.
Mas não
impôs outra sorte
Por
respeitar cada homem
E a
liberdade em seu nome.
Tenhamos
firme na memória
Que a nossa
única vitória,
Ao celebrar
tua Paixão,
É reavivar
a compaixão
Com os crucificados da história!!! (mar/2016)
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