Uma boa apresentação não diz respeito apenas ao conteúdo e a forma como é transmitido verbalmente. A mensagem é emitida também com auxílio de outros fatores, que podem ser chamados de comunicação não-verbal. Nesse contexto, as expressões corporais têm enorme peso na forma como a mensagem vai chegar ao receptor.
O corpo, o rosto, a postura e até mesmo a forma como nos vestimos transmitem informações relevantes para o ouvinte. Por isso, uma boa Oratória envolve todos esses elementos para que a apresentação seja realmente eficaz. E aqueles que abrem mão destes pontos acabam por prejudicar a mensagem, criando ruídos.
Consegue perceber como isso é fundamental quando estamos tratando da arte de falar bem e com desenvoltura para uma pessoa ou para uma plateia? Mais ainda é essencial que você, a partir de agora, esteja bastante consciente e atento para a importância das expressões corporais para o sucesso da sua comunicação.
O que são as Expressões Corporais?
As expressões corporais fazem parte da comunicação e determinam – com um impacto, muitas vezes, maior do que imaginamos, a mensagem que está sendo transmitida para as pessoas. Quando se está fazendo uma apresentação, a forma como o orador gesticula e se posiciona fornecerá elementos para a leitura que o público faz dele e do conteúdo que está sendo abordado.
Neste contexto, durante uma apresentação, o principal objetivo é prender a atenção do público presente para que assimile a mensagem. E por mais que a fala seja interessante e o conteúdo útil, se as expressões e o gestual não estiverem em sintonia com as palavras, o público eventualmente se dispersa.
E, além de haver dispersões e distrações, aquilo que você transmite pode perder, e muito em credibilidade, pois somos constantemente “julgados” quando transmitimos qualquer tipo de mensagem fora do esperado. Isso funciona como uma espécie de filtro para que seja definido aquilo que merece ou não ser creditado e absorvido.
Ou seja, agora que você já sabe que existem expressões corporais que nos ajudam a comunicar e que também há aquelas que afundam as nossas intenções de transmitir uma boa mensagem, veja agora quais são as expressões corporais que devem ser evitadas.
1. Cuidado com a postura
Um orador deve transmitir segurança, confiança, inteligência e domínio sobre o tema. Para o público, quem faz o discurso precisa parecer amigável e empático. Por isso, o corpo deve estar ereto, apoiando-se nas duas pernas. Quando o apoio é feito em apenas uma das pernas, a conotação é de descaso.
Mantenha as pernas ligeiramente abertas, sem juntar uma na outra e com os pés sempre apontados para frente. Isso dará equilíbrio físico e emocional.
Quando os ombros estão contraídos ou caídos, a imagem que se passa é de desânimo e insegurança.
E, quando isso acontece, a sua missão de convencer e conquistar fica ainda mais complicada. Por mais que a mensagem seja positiva, o ouvinte não entenderá dessa maneira e colocará obstáculos para aceitar que você está correto e que merece ser aceito e compreendido.
Além disso, a coluna deve estar ereta, com os ombros alinhados e a cabeça nivelada ao corpo. Não a incline demasiadamente para trás ou para frente, pois isso transmitirá um tom agressivo ou arrogante à sua mensagem corporal. Enfim, perceba que são detalhes que, de antemão, parecem mínimos; mas não são.
2. A movimentação deve ser calculada
O orador deve se movimentar, pois ficar parado pode dar um tom monótono à sua apresentação. Porém, quando o movimento é excessivo, a plateia fica inquieta e desatenta, e você acaba gerando uma ansiedade desnecessária e um clima tenso que só atrapalhará o desenvolvimento da sua apresentação.
E mais: a movimentação não deve ser aleatória. Você pode demarcar mentalmente alguns pontos e transitar algumas vezes de forma harmônica e calma. Isso gerará tranquilidade e “descansará” a cabeça e as emoções da plateia, o que abrirá portas para que a sua mensagem flua normalmente.
Por isso, tenha em mente que a movimentação precisa ter algum objetivo como, por exemplo, se aproximar da plateia diante de um questionamento ou despertar o interesse para uma reflexão. No entanto, evite repetir isso muitas vezes: o excesso é sempre ruim. Não se esqueça disso.
E vamos além: outra dica para uma movimentação adequada durante a apresentação é manter-se sincronizado com a projeção de slides. O orador pode se inclinar para trás para destacar a informação projetada ou até mesmo girar o tronco. Porém, muita atenção: jamais dê as costas ao público! Jamais!
Ao se movimentar diante de sua plateia, faça lentamente com o rosto voltado para frente e o corpo na diagonal. Durante o movimento, mantenha o contato visual com o público. Ao parar de caminhar, volte o corpo totalmente para frente. Essa coreografia vai gerar expressões corporais muito positivas para você.
3. Faça contato visual com o público
Você está falando com pessoas e, por isso, é necessário que seja feito um contato visual com seu público. É indicado que esse olhar seja equilibrado, fazendo com que todos se sintam incluídos na sua palestra. E, tenha certeza de que isso gerará um sentimento de importância e de valorização.
Para isso, pense em todo o espaço, dividindo-o mentalmente em quadrantes. Durante sua apresentação, direcione o seu olhar de maneira calma e tranquila por esses espaços. Você vai ancorar seus olhos em alguns pontos para que todos se sintam importantes no espaço. Acredite: o resultado é fantástico!
Por fim, um detalhe: tão ruim quanto não olhar para a plateia é olhar para uma pessoa só. A atitude constrange quem está recebendo o contato visual o tempo todo e incomoda aos demais, que se sentem excluídos. Lembre-se: as pessoas realmente “fiscalizam” cada uma das ações do palestrante.
4. Use as mãos de forma inteligente
É muito comum que tenhamos a necessidade de manipular objetos, mexer em anéis, na roupa ou no cabelo quando estamos nervosos. Isso acontece, inclusive, de maneira espontânea, sem que percebamos. Trata-se de uma atitude comum, mas que precisamos nos atentar a partir de agora.
O público, no entanto, notará e interpretará esse nervosismo e insegurança. Por isso, a posição das mãos e os gestos são de grande importância para a comunicação não verbal. Dessa forma, você precisa dar uma atenção bem especial para este detalhe a partir de agora; afinal, você quer se comunicar bem, correto?
As mãos não devem ser mantidas nos bolsos, pois passam uma imagem de descaso ou medo. Braços cruzados ou mãos na cintura também são gestos completamente negativos e, certamente, você mesmo já se incomodou com alguém que fez algum desses gestos durante uma conversa, palestra ou negociação.
Sendo assim, procure manter os braços na frente do corpo, usando suas mãos para explicar pontos de vista e enfatizar a fala. Ancorar o que está sendo dito com movimento dos membros ajuda a fixar o conteúdo. Para normatizar estes gestos, treine na frente do espelho para visualizar como funciona.
Porém, caso não se sinta confortável para usar as mãos durante a palestra, mantenha-as na altura da cintura ou do peito. Segurar uma caneta de laser ou o controle de slides é um bom truque para se manter ocupado. É uma alternativa importante e que vale a pena ser testada.
As mãos não devem ficar voltadas para baixo e nunca se deve apontar o dedo para a plateia. É um gesto extremamente negativo que precisa ser evitado a todo custo. Dessa forma, é essencial que você treine esses pontos; a repetição fará com que você os realize naturalmente na “hora h”.
5. As roupas dialogam com o público
O orador tem que parecer bem-sucedido e mostrar credibilidade. As pessoas não comprarão ideias de pessoas que consideram inseguras, fracassadas ou desleixadas. Por isso, escolha com cuidado as roupas que vestirá. Elas têm que dialogar com a imagem que você quer transmitir para o público.
As suas vestimentas também fazem parte da comunicação não verbal. E fazem mesmo. Mas entenda também que não é necessário que sejam roupas de marca ou extremamente caras, mas devem ser condizentes com aquilo que você prega.
Aposte em cores neutras e tome cuidado para não exagerar nos acessórios e maquiagem. Lembra daquela expressão “menos é mais”? Ela se adequa perfeitamente ao que estamos falando. As roupas compõem o conjunto equilibrado entre você e o que comunica, e não deve sobressair aos demais componentes.
Imagem é tudo
Muito do que foi explicado neste artigo é amplamente cometido sem mesmo que o orador perceba. São vícios ou gestos que ocorrem naturalmente como consequência da insegurança e medo de falar em público. São pontos que já foram naturalizados, mas que precisam ser quebrados e modificados.
Por isso, uma boa Oratória depende de técnica e treino. Experimente começar a falar diante de um espelho ou grave sua imagem enquanto discursa. Você notará como seu corpo está se comportando e quais mensagens está transmitindo. Assim, ficará mais fácil modificar o que não está bem.
by clubedafala