O filme mostra a história da rotina da
personagem “Maria José”, uma menina de cinco anos de idade que se diverte
aprendendo a escrever o nome, mas que é obrigada pela mãe a abandonar os
estudos e começar a cuidar dos afazeres domésticos e trabalhar na roça. Enquanto
trabalha ela cresce, casa e tem filhos e depois envelhece e o ciclo continua a
se reproduzir nas outras Marias suas filhas, netas e bisnetas.
São
apresentadas no filme imagens que mostram uma semelhança muito grande com a
realidade, traços bem parecidos com o real onde se vê crianças que tem sua
infância interrompida, muitas vezes para ajudar a família a sobreviver,
infância essa resumida a poucos recursos e a más condições de vida.
A Maria do filme mostra satisfação em apenas
escrever seu primeiro nome, o momento em que sua mãe lhe chama a atenção
dizendo: “Não perca tempo “desenhando” seu nome!”, é tirado o seu futuro de ser
uma pessoa diferente de sua mãe, que não tem uma visão do futuro, querendo dar
à filha a mesma criação que teve num processo de reprodução sem mudanças de
suas perspectivas por comodismo.
O filme retrata como o indivíduo em formação
internaliza os eventos e as experiências vividas na infância e como são
determinantes para formação daquela pessoa na vida adulta. A menina Maria foi
arrancada do seu mundo lúdico, quando sua mãe a repreende por estar escrevendo,
ela corta da vida da filha os sonhos, os objetivos de uma vida melhor.
A mãe da personagem vive aquela vida sem
perspectiva por que foi isto que aprendeu e da mesma forma ensina a filha Maria
e esta reproduz para seus filhos, que também foram estimulados a deixar de
sonhar e de brincar. A ausência da educação nas gerações mostra como na
infância é importante o lúdico e a escola.
O objetivo do filme é mostrar que essa
realidade existe e que é vivenciada no dia a dia e que, dessa forma, devemos
tentar procurar construir um futuro melhor buscando qualidade de vida e não se
acomodar, mais sim refletir sobre as condições de vida que estamos construindo
e que devemos provocar e forçar uma mudança de atitude denunciando a ausência
de escolarização e as condições precárias de vida de várias gerações nesse
nosso Brasil, principalmente no nordeste.
O
filme explora as limitações e a falta de perspectiva de “Maria José” que é
apenas mais uma Maria que deixou de lado os estudos e se dedicou a casa, ao
marido e aos filhos, vivendo em estado de autoanulação, onde sua vontade e seus
sonhos não ultrapassam a cerca da casa onde vive, é o que essas mulheres
enfrentam durante toda a sua vida, se repetindo por diversas gerações. Mais que
isso, “Vida Maria” ultrapassa os limites do sertão nordestino, aproxima-se
também das mulheres pobres urbanas, que da mesma forma que “Maria José” vivem a
mercê do marido, cuidando da casa e dos filhos.
“Vida Maria”, curta-metragem em 3D,
lançado no ano de 2006, produzido pelo animador gráfico Márcio Ramos.
Leia mais em: Vida Maria