A fantasia de que na quarentena leria todos os livros e artigos
atrasados, que conheceria profundamente meu namorado, gravaria vídeos, limparia
e organizaria gavetas, dormiria, veria filmes e séries, meditaria (tentei, mas
não cheguei lá kkk) enfimmmm a sensação de completude chegaria. Ledo engano.
Não que não tenha refletido, produzido e feito algumas coisas que
queria, porém a fantasia é sempre mais colorida que a realidade. Descobri que
meu estômago comporta mais que eu imaginava, que sou muito mais mau humorada e
rabugenta que achava que era, que não tenho controle sobre as coisas (aprendi
ainda mais) e detesto me separar de quem eu amo.
Aí a fantasia migrou para a volta a “vida normal”. Porque quando eu
voltar a trabalhar... aí voltei (não como antes, óbvio) e novamente a realidade
puxa meu tapete e está aí pra me dizer que tenho que seguir lidando com as
dificuldades da vida. Voltar a acordar cedo, comer diferente, ficar sem meu
namorado, não seguir as regras da minha pura vontade. Pagar contas. Se
preocupar com a instabilidade do consultório. Ou seja, minha boa e velha vida.
Não que não goste, longe disso! Adoro minha vida e a maneira como construí ela,
mas na fantasia... uau, que fantástica seria a vida!
A gente vai equilibrando. Fantasiando e se deparando com a realidade, e
que esta última, embora nos centre, que não nos endureça e que saibamos dançar
mesmo nas dificuldades que a vida impõe.
Psicóloga
Núbia Schuck
Nenhum comentário:
Postar um comentário