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sábado, 4 de abril de 2020

O princípio da realidade sempre bate a porta



A fantasia de que na quarentena leria todos os livros e artigos atrasados, que conheceria profundamente meu namorado, gravaria vídeos, limparia e organizaria gavetas, dormiria, veria filmes e séries, meditaria (tentei, mas não cheguei lá kkk) enfimmmm a sensação de completude chegaria. Ledo engano.

Não que não tenha refletido, produzido e feito algumas coisas que queria, porém a fantasia é sempre mais colorida que a realidade. Descobri que meu estômago comporta mais que eu imaginava, que sou muito mais mau humorada e rabugenta que achava que era, que não tenho controle sobre as coisas (aprendi ainda mais) e detesto me separar de quem eu amo.

Aí a fantasia migrou para a volta a “vida normal”. Porque quando eu voltar a trabalhar... aí voltei (não como antes, óbvio) e novamente a realidade puxa meu tapete e está aí pra me dizer que tenho que seguir lidando com as dificuldades da vida. Voltar a acordar cedo, comer diferente, ficar sem meu namorado, não seguir as regras da minha pura vontade. Pagar contas. Se preocupar com a instabilidade do consultório. Ou seja, minha boa e velha vida. Não que não goste, longe disso! Adoro minha vida e a maneira como construí ela, mas na fantasia... uau, que fantástica seria a vida!

A gente vai equilibrando. Fantasiando e se deparando com a realidade, e que esta última, embora nos centre, que não nos endureça e que saibamos dançar mesmo nas dificuldades que a vida impõe.

Psicóloga Núbia Schuck

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