Texto
de Marcel Camargo
Parece ser muito difícil, para algumas pessoas, pedir desculpas a quem
quer que seja, não importando o que tenham feito. Mesmo para quem é próximo,
para quem é íntimo, para quem caminha junto, tem gente que não consegue pedir
perdão. Ainda que estejam completamente erradas, mesmo que saibam que machucaram,
que vacilaram, algumas pessoas não se desculpam, pois nem ao menos se culpam.
Provavelmente, muitos indivíduos que são incapazes de se desculparem não
conseguem perceber que estão errados, que suas ações ou suas palavras feriram o
outro. É como se agissem somente fazendo o que querem, o que têm vontade, sem
se importar com ninguém além de si mesmos. Egoísmo, egocentrismo, incapacidade
de se colocar no lugar do outro. Nunca devemos confiar em alguém que não
demonstre um mínimo de empatia em seu coração.
Outros, ainda que tenham consciência dos próprios erros, não querem dar
o braço a torcer. Enxergam o pedido de desculpas como fraqueza, desistência,
fracasso. São pessoas que não sabem perder, não conseguem perceber que todos
temos limitações, todos somos passíveis de pisar na bola e de errar. Reconhecer
os próprios erros requer maturidade e coragem, porque dói enxergar o sofrimento
que podemos ter provocado em outras pessoas.
Existirá, inclusive, quem preferirá fingir que somos pessoas ruins, para
que possam lidar melhor com as próprias culpas, enterrando-as sob as mentiras
que criarão a nosso respeito. Dessa forma, a pessoa se sentirá livre da
obrigação de se desculpar, uma vez que quem ela machucou assim o mereceu, por
se tratar de alguém ruim. É desse modo que alguns indivíduos agirão: tentarão
se proteger de forma cínica e falsa, colocando o outro como o vilão da
história.
O que importa mesmo é termos a consciência tranquila diante de tudo o
que somos, de tudo o que fazemos e dizemos, para que consigamos nos livrar de
culpas que não são nossas. Quando o erro não é nosso, só nos resta relaxar e
tentar seguir, sem precisar de que o outro se desculpe para perdoarmos a nós
mesmos. É assim que a gente continua. Desse jeitinho.
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