Da mesma forma que menininhas devem ser empoderadas para que possam se
tornar o que bem quiserem, precisamos igualmente, com a mesma urgência, cuidar
dos corações dos meninos.
Enquanto boa parte do mundo grita que homem não chora, nossos meninos
enxergam em casa o oposto.
Pais que choraram no nascimento dos filhos. Pais que choram nas
apresentações, nas alegrias, tristezas e frustrações.
Cuidem dos corações dos meninos.
No mesmo instante em que a sociedade insiste em dizer que boneca é coisa
de menina, nossos meninos veem tios e papais trocando fraldas, segurando
mãozinhas, pegando no colo, dando banho, consolando choro.
Cuidem dos corações dos meninos.
Enquanto existe uma preferência natural por certos tipos de
brincadeiras, brinquedo não tem gênero. Cores não têm gênero. Porque o sabor da
infância não tem gênero.
Como não gostar de uma princesa colorida, que dança, canta e sorri?
Que meninos brinquem de carrinhos, que chutem bola mas que possam, sem
medo, gostar também da Frozen.
Cuidem dos corações dos meninos.
Em situações em que meninas possuem a liberdade de expor emoções e
sentimentos, meninos recebem a mensagem de que homens são durões e inabaláveis.
Como se testosterona diminuísse o coração. Que angústia sentir e não se
permitir explicar, dividir.
Cuidem dos corações dos meninos.
Meninas naturalmente escutam todos os tipos de palavras doces vindas de
terceiros. No parquinho, na pracinha, na porta da escola. Difícil resistir aos
vestidos, a mistura do jeito meigo com o olhar sapeca. Mas escute esse apelo,
olhe também para o menino saltitante. Converse, elogie, se concentre, veja.
Há tanta doçura por trás do garoto espoleta.
Eles também têm sede de ouvir. Quem não gosta de receber palavras de
afeto?
Cuidem dos corações dos meninos.
Nossos meninos são muito mais do que força, agilidade. Eles são luz,
amor, encanto.
E por isso eu peço:
Cuidem também dos corações dos meninos.
Texto:
Rafaela Carvalho
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