Em 1853, aos 14 anos, Casimiro
de Abreu é enviado a Portugal... Em Lisboa, entrosa-se nos meios intelectuais...
O menino que começara a fazer versos em Nova Friburgo – RJ, motivado pela
saudade da família, amplia a dimensão dessa saudade, cantando a nostalgia da terra
natal. (fonte: Literatura
Comentada)
Brasilianas 1955 "Meus Oito Anos" direção Humberto
Mauro
Meus oito anos
Casimiro de Abreu
Oh!
que saudades que tenho
Da
aurora da minha vida,
Da
minha infância querida
Que
os anos não trazem mais!
Que
amor, que sonhos, que flores,
Naquelas
tardes fagueiras
À
sombra das bananeiras,
Debaixo
dos laranjais!
Como
são belos os dias
Do
despontar da existência!
—
Respira a alma inocência
Como
perfumes a flor;
O
mar é — lago sereno,
O
céu — um manto azulado,
O
mundo — um sonho dourado,
A
vida — um hino d'amor!
Que
aurora, que sol, que vida,
Que
noites de melodia
Naquela
doce alegria,
Naquele
ingênuo folgar!
O
céu bordado d'estrelas,
A
terra de aromas cheia
As
ondas beijando a areia
E
a lua beijando o mar!
Oh!
dias da minha infância!
Oh!
meu céu de primavera!
Que
doce a vida não era
Nessa
risonha manhã!
Em
vez das mágoas de agora,
Eu
tinha nessas delícias
De
minha mãe as carícias
E
beijos de minha irmã!
Livre
filho das montanhas,
Eu
ia bem satisfeito,
Da
camisa aberta o peito,
—
Pés descalços, braços nus —
Correndo
pelas campinas
A
roda das cachoeiras,
Atrás
das asas ligeiras
Das
borboletas azuis!
Naqueles
tempos ditosos
Ia
colher as pitangas,
Trepava
a tirar as mangas,
Brincava
à beira do mar;
Rezava
às Ave-Marias,
Achava
o céu sempre lindo.
Adormecia
sorrindo
E
despertava a cantar!
Oh!
que saudades que tenho
Da
aurora da minha vida,
Da
minha infância querida
Que
os anos não trazem mais!
—
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas
tardes fagueiras
A
sombra das bananeiras
Debaixo
dos laranjais!
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