O som de um tiro. Um medo ao descer as escadas. Um corpo ensanguentado
ao chão. Foi assim que Katherine Graham presenciou o suicídio de seu marido
Phillip, em 1963. Ela nunca mais se casou.
Aos olhos do mundo, até aquele dia, Katherine era uma mulher de sorte.
Nascera em família rica. Casara-se com homem influente. Nunca precisara
trabalhar.
Mas isso era aos olhos do mundo.
Do lado de dentro, Katherine tinha um marido viciado e com transtornos
psiquiátricos. Seu pai fundou um jornal, mas preferiu passar o comando ao
genro, e não à filha. Sua mãe, artista e intelectual, era amiga de Einstein e
Eleanor Roosevelt, mas ausente de casa e da família.
Lição n. 1: o que você vê na
vida do outro, provavelmente, não é verdade. Na rua, vestimos máscaras.
Portanto, não compare sua vida com a vida de quem, efetivamente, você não
conhece.
Um dia, perguntaram a Katherine se ela havia se sentido desvalorizada
com o que o pai lhe fizera. Ela divergiu: "senti-me protegida. Aos olhos
dele, eu não estava preparada”.
Lição n. 2: você sempre
escolherá a forma de olhar para uma situação. Há quem repare no belo. Há quem
busque o trágico. Seja do primeiro grupo.
Diante da morte de Phillip e da inexperiência de Katherine, todos lhe
recomendaram vender o jornal. Em uma reunião, perguntaram-lhe: "preparada
para vender?" E ela anunciou-lhes: "preparada para vencer. Até hoje,
fomos um jornal regional, mas, a partir de agora, seremos tão importantes
quanto o The New York Times." Katherine assumia o, então pequenino, The
Washington Post.
Lição n. 3: a decisão de ser
grande é essencialmente individual.
Katherine decidiu. O jornal inundou os EUA, ganhou o respeito da população
e publicou, entre outros, o escândalo Watergate. Em 1972, ela foi a primeira
mulher a figurar na lista dos 500 CEOs mais importantes da América. Era o mundo
assistindo a uma aula de liderança. Ela se tornava o símbolo da igualdade de
gênero.
Em 2011, Katherine faleceu. Antes, escreveu o livro "Personal History", que ganhou o Prêmio Pulitzer.
Mas a verdade é que a vida de Katherine se resumiu a uma única grande
questão: revoltar-se ou reinventar-se? Ela
se reinventou.
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