Amo-a quando, à noite ou de manhã, ela olha para mim e me ama. E ninguém
(eu, principalmente) impede-a de me amar à sua maneira, assim como ela sabe.
Amo-a quando está sentada perto de mim e nós sabemos que amamos um ao
outro como podemos. E ela diz: “Lióvotchka, por que as chaminés da lareira são
retas?” ou “Por que os cavalos têm vida longa?”. E assim por diante.
Amo-a quando estamos a sós por muito tempo e eu lhe pergunto: “O que
vamos fazer? Sônia, o que vamos fazer?”. E ela ri.
Amo-a quando fica zangada comigo e, às vezes, suas palavras e seus
pensamentos são ríspidos: “Deixe-me, não me aborreça” e, um minuto depois,
sorri para mim.
Amo-a quando ela não está me vendo e não sabe que a amo à minha maneira.
Amo-a quando ela, como uma meninota, faz beicinho e mostra a língua;
amo-a quando vejo sua cabeça jogada para trás e seu rosto sério e assustado,
infantil e apaixonado, amo-a quando...
“Hoje, quando acordei, ela estava chorando e beijando minhas mãos. ‘O
que foi?’ ‘Sonhei que você tinha morrido...’ Amo-a cada vez mais e melhor.”
Biografia.
Tolstói:
a fuga do paraíso
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