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sábado, 31 de agosto de 2019

Fátima, a Fiandeira


Numa cidade do mais longínquo Ocidente vivia uma jovem chamada Fátima, filha de um próspero Fiandeiro. Um dia seu pai lhe disse:

— Filha, faremos uma viagem, pois tenho negócios a resolver nas ilhas do Mediterrâneo. Talvez você encontre por lá um jovem atraente, de boa posição, com quem possa e então se casar.

Iniciaram assim sua viagem, indo de ilha em ilha; o pai cuidando de seus negócios, Fátima sonhando com o homem que poderia vir a ser seu marido. Mas um dia, quando se dirigiam a Creta, armou-se uma tempestade e o barco naufragou. Fátima, semiconsciente, foi arrastada pelas ondas até uma praia perto de Alexandria. Seu pai estava morto, e ela ficou inteiramente desamparada.

Podia recordar-se apenas vagamente de sua vida até aquele momento, pois a experiência do naufrágio e o fato de ter ficado exposta às inclemências do mar a tinham deixado completamente exausta e aturdida.

Enquanto vagava pela praia, uma família de tecelões a encontrou. Embora fossem pobres, levaram-na para sua humilde casa e ensinaram-lhe seu ofício. Desse modo Fátima iniciou nova vida e, em um ou dois anos, voltou a ser feliz, reconciliada com sua sorte. Porém um dia, quando estava na praia, um bando de mercadores de escravos desembarcou e levou-a, junto com outros cativos.

Apesar dela se lamentar amargamente de seu destino, eles não demonstraram nenhuma compaixão: levaram-na para Istambul e venderam-na como escrava. Pela segunda vez o mundo da jovem ruíra.

Mas quis a sorte que no mercado houvesse poucos compradores na ocasião. Um deles era um homem que procurava escravos para trabalhar em sua serraria, onde fabricava mastros para embarcações. Ao perceber o ar desolado e o abatimento de Fátima, decidiu comprá-la, pensando que poderia proporcionar-lhe uma vida um pouco melhor do que teria nas mãos de outro comprador.

Ele levou Fátima para casa com a intenção de fazer dela uma criada para sua esposa. Mas ao chegar em casa soube que tinha perdido todo o seu dinheiro quando um carregamento fora capturado por piratas. Não poderia enfrentar as despesas que lhe davam os empregados, e assim ele, Fátima e sua mulher arcaram sozinhos com a pesada tarefa de fabricar mastros.

Fátima, grata ao seu patrão por tê-la resgatado, trabalhou tanto e tão bem que ele lhe deu a liberdade, e ela passou a ser sua ajudante de confiança. Assim ela chegou a ser relativamente feliz em sua terceira profissão.

Um dia ele lhe disse:

— Fátima, quero que vá a Java, como minha representante, com um carregamento de mastros; procure vendê-los com lucro.

Ela então partiu. Mas quando o barco estava na altura da costa chinesa um tufão o fez naufragar. Mais uma vez Fátima se viu jogada como náufraga em uma praia de um pais desconhecido. De novo chorou amargamente, porque sentia que nada em sua vida acontecia como esperava. Sempre que tudo parecia andar bem alguma coisa acontecia e destruía suas esperanças.

— Por que será — perguntou pela terceira vez — que sempre que tento fazer alguma coisa não da certo? Por que devo passar por tantas desgraças?
Como não obteve respostas, levantou-se da areia e afastou-se da praia.

Acontece que na China ninguém tinha ouvido falar de Fátima ou de seus problemas. Mas existia a lenda de que um dia chegaria certa mulher estrangeira capaz de fazer uma tenda para o imperador. Como naquela época não existia ninguém na China que soubesse fazer tendas, todo mundo aguardava com ansiedade o cumprimento da profecia.

Para ter certeza de que a estrangeira ao chegar não passaria despercebida, uma vez por ano os sucessivos imperadores da China costumavam mandar seus mensageiros a todas as cidades e aldeias do país pedindo que toda mulher estrangeira fosse levada à corte. Exatamente numa dessas ocasiões, esgotada, Fátima chegou a uma cidade costeira da China. Os habitantes do lugar falaram com ela através de um intérprete e explicaram-lhe que devia ir à presença do imperador.

— Senhora — disse o imperador quando Fátima foi levada até ele — sabe fabricar uma tenda?
— Acho que sim, Majestade — respondeu a jovem.

Pediu cordas, mas não tinham. Lembrando-se dos seus tempos de fiandeira, Fátima colheu linho e fez as cordas. Depois pediu um tecido resistente, mas os chineses não o tinham do tipo que ela precisava. Então, utilizando sua experiência com os tecelões de Alexandria, fabricou um tecido forte, próprio para tendas. Percebeu que precisava de estacas para a tenda, mas não existiam no país. Lembrando-se do que lhe ensinara o fabricante de mastros em Istambul, Fátima fabricou umas estacas firmes. Quando estas estavam prontas ela puxou de novo pela memória, procurando lembrar-se de todas as tendas que tinha visto em suas viagens. E uma tenda foi construída.

Quando a maravilha foi mostrada ao imperador da China ele se prontificou a satisfazer qualquer desejo que Fátima expressasse. Ela escolheu morar na China, onde se casou com um belo príncipe e, rodeada por seus filhos, viveu muito feliz até o fim de seus dias.

Através dessas aventuras Fátima compreendeu que, o que em cada ocasião lhe tinha parecido ser uma experiência desagradável, acabou sendo parte essencial de sua felicidade.

Extraído de 'Histórias dos Dervixes' de Idries Shah, Nova Fronteira 1976

31 de Agosto - Dia do Nutricionista


Meu respeito e admiração a todos esses profissionais que acreditam que é através das escolhas que fizemos que alcançamos os resultados desejados.
Especialmente quando o alvo é se ter QUALIDADE DE VIDA!

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Artigo - Leitura


A importância da leitura na nossa vida, a necessidade de se cultivar o hábito de leitura entre crianças e jovens, bem como o papel da escola na formação de leitores competentes, são questões frequentemente discutidas. No bojo dessa discussão, destacam-se questões como: O que é ler? Para que ler? Como ler? Essas perguntas poderão ser respondidas de diferentes modos. E as respostas dependerão dos seguintes pontos de vista.

A língua como representação do pensamento. Neste sentido a leitura é entendida como a atividade de captação das ideias do autor, sem se levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor.

Língua como estrutura ou como código. Nesta concepção, o texto é visto como simples produto de codificação e decodificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado.

Língua como interação autor-texto-leitor. Os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente se constroem e são construídos no texto.

Nessa perspectiva, a leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor; e exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.


FATORES DE COMPREENSÃO DA LEITURA

A leitura envolve a integração de múltiplos fatores relacionados à experiência do indivíduo, habilidades e funcionamento neurológico. O ato de ler compreende desde a decodificação dos símbolos gráficos até a análise reflexiva de seu conteúdo. A compreensão de um texto não se resume à capacidade de memória, mas também à capacidade de inferir fatos que não são apresentados explicitamente no texto.

A compreensão em leitura implica a criação de uma representação mental coerente do texto. Entretanto, a criação dessa estrutura mental pode ser prejudicada por inúmeros aspectos, entre eles a falta de conhecimento prévio sobre o assunto do texto e a falta de familiaridade com o código escrito, entretanto, mesmo que o leitor tenha familiaridade com o código escrito, mesmo que conheça o gênero textual, que possua conhecimento prévio sobre o assunto, ainda assim a compreensão não está garantida. É necessário que o leitor tenha uma atitude ativa de cooperação para a construção da estrutura, a fim de que seja capaz de fazer as devidas inferências, de identificar ironias e, principalmente, de aprender através da leitura.


Dicas de Língua Portuguesa


quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Ame sem possuir, acompanhe sem invadir e viva sem depender




O maior sinal do amor é deixar a pessoa amada ser ela mesma. É também uma enorme amostra de maturidade psicológica. E é algo muito difícil de alcançar, já que nossa sociedade “nos programa” para a posse. Em uma cultura onde vale mais quem tem mais, é difícil não extrapolar esse conceito para as relações interpessoais. Então nos tornamos possessivos.

A origem da possessividade está no medo da perda

Basta-nos apenas termos algo, apenas sentirmos que algo é nosso, que já somos tomados pelo medo de perdê-lo. E quanto mais nos apegamos a essa posse ou quanto mais amamos a pessoa, maior é esse medo.

Em muitos casos, esse medo da perda remonta a experiências passadas, especialmente a infância, que deixaram cicatrizes dolorosas em nosso cérebro. Apreciou-se que as pessoas que sofreram perdas na infância ou que não receberam atenção suficiente tendem a desenvolver um apego inseguro que as leva a depender dos outros ou a controlar suas vidas. Essas pessoas exigem atenção constante e não querem compartilhar a pessoa especial com mais ninguém por medo que lhe “roubem” e desapareçam com ela de sua vida, o que as fará experimentar os sentimentos de desamparo que sentiam quando crianças.

No entanto, pode haver outras razões para uma pessoa desenvolver esse relacionamento possessivo. De fato, a possessividade sempre implica em insegurança e baixa autoestima. Pessoas inseguras tendem a ser mais possessivas porque têm mais medo de perder o que conquistaram porque, no fundo, acham que não merecem isso.

O problema é que essas pessoas, em vez de analisar de onde vem essa possessividade, tentam neutralizar seus medos e inseguranças com mais controle.

A dinâmica perversa do controle

Houve uma vez um monge seguidor de Buda. O monge costumava perambular dia e noite em busca de iluminação. Ele carregava consigo uma estátua de madeira de Buda que ele próprio esculpira e todos os dias queimava incenso em frente à estátua e adorava o Buda.

Um dia ele chegou a uma cidade tranquila e decidiu passar alguns dias lá. Ele se estabeleceu em um templo budista onde havia várias estátuas de Buda. O monge seguiu sua rotina diária, assim também queimou incenso em frente a sua estátua no templo, mas não gostou da ideia de que o incenso que queimava por sua estátua chegasse às outras estátuas.

Então uma ideia lhe ocorreu: ele colocou um funil na frente de sua estátua para que o cheiro do incenso só chegasse a ela. Depois de alguns dias, ele percebeu que o nariz de sua estátua estava preto e feio da fumaça do incenso.

Essa simples parábola nos mostra o que pode acontecer quando a possessividade nos cega. Na verdade, não é difícil cair em um comportamento do monge e acabar sufocando a pessoa que amamos. No entanto, o curioso sobre o controle é que quanto mais você aplicá-lo, mais controle você quer, porém mais ilusório se torna.

Para amar e deixar ser, é necessário mudar nossa mentalidade

– Não confunda apego com amor. A possessividade geralmente vem da confusão: interpretamos erroneamente nosso apego como amor. O apego é uma emoção superficial que nos une, enquanto o amor é uma emoção mais profunda que nos liberta. Amar alguém é deixá-lo ir, amarrar alguém é experimentar apego. É por isso que a possessividade é uma forma de apego que não reflete o amor, mas sim nosso desejo e necessidade de controle.

– Deixe a necessidade de controle. Possessividade surge da insegurança, que tentamos atenuar através do controle, porque nos dá a falsa ilusão de segurança. No entanto, quando você percebe que na realidade o controle que você exerce é mínimo, porque a qualquer momento a vida pode arrebatar qualquer coisa ou qualquer pessoa, então você entende que não faz sentido desperdiçar tanta energia inutilmente. Naquele momento, um pequeno milagre ocorre: em vez de se esforçar para controlar, você se esforça para desfrutar mais dessa pessoa ou de suas posses.

– Cultive seu “eu”. A dependência emocional do outro e o desejo de controlá-lo surgem quando sentimos que não somos capazes de satisfazer nossas necessidades. Quando temos um “eu” amadurecido, quando confiamos em nossas habilidades e nos conectamos com nossas emoções, a possessividade desaparece, simplesmente porque não precisamos disso, não tem razão de ser. Portanto, para amar sem dominação ou dependência, é necessário realizar um profundo trabalho interior.

– Suponha que todos tenham o direito de ser. Nós não fazemos bem aos outros quando impomos nossas opiniões e maneiras de fazer. Portanto, não caia no erro de tentar impor sua maneira de ver o mundo para “ajudar” o outro. Ninguém é obrigado a atender às nossas expectativas, de modo que o maior presente que podemos dar àqueles que amamos é deixá-los ser e aceitá-los incondicionalmente.

29 de Agosto - Dia Nacional de Combate ao Fumo