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sábado, 18 de janeiro de 2020

Curiosidades de Língua Portuguesa



1) Na antiga escrita em rolos, não havia espaços separando as palavras, não se usava pontuação e não existiam letras maiúsculas e minúsculas. Como se lia em voz alta, o olho precisava desembaralhar aos poucos aquelas letras, formando palavras.

2) Agostinho, professor de retórica do século IV (que hoje chamamos de Santo Agostinho), se horrorizava ao presenciar alguém lendo em silêncio. Para ele, “o texto escrito era uma conversação, posta no papel para que o parceiro ausente pudesse pronunciar as palavras destinadas a ele”.

3) Desde os tempos das tabuletas sumérias, as palavras escritas destinavam-se a serem pronunciadas em voz alta.

4) Tanto em aramaico como em hebreu, que são as línguas primordiais da Bíblia, o mesmo verbo é usado para o ato de ler e o ato de falar.

5) No século XI, um teólogo estabeleceu regras para a leitura do Corão, entre as quais estava ler alto o suficiente para que o leitor escute, o que afastaria as distrações do mundo externo.

6) O modo como lemos no mundo ocidental (da esquerda para a direita e de cima para baixo) não tem nada de universal e varia de época para época. Hebreu e árabe eram lidos da direita para a esquerda; chinês e japonês eram lidos em colunas, de cima para baixo; alguns escritos da Grécia antiga eram escritos com linhas alternadas em direções opostas.

7) Alguns religiosos temiam a leitura silenciosa e ficaram muito desconfiados quando ela virou moda. Eles achavam que, além de estimular o pecado da preguiça, ela abriria espaço para se sonhar acordado.

8) Na sociedade cristã do começo da Renascença, alguns aristocratas (e, depois do século XIII, os burgueses) achavam que ler e escrever eram ocupações menores, coisa de clérigo pobre. Apesar disso, os ricos eram praticamente os únicos a ter esse privilégio.

9) Na Idade Média, alguns moralistas acreditavam que as meninas deviam ser proibidas de aprender a ler e escrever, a menos que quisessem ser freiras. Eles temiam que elas se envolvessem com a escrita de cartas amorosas!

[Informações retiradas do livro “Uma história da leitura”, de Alberto Manguel]

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