O livro é todo narrado pelo personagem principal, Amir. O primeiro
capítulo do livro fala sobre o momento mais atual da vida do Amir, quando ele
já está adulto. Ele diz que recebeu uma ligação de um antigo amigo pra voltar
ao Afeganistão porque ainda havia tempo para “ser bom”. A partir daí, Amir
começa a contar sobre a sua vida desde a infância.
Amir era uma criança rica. Ele morava numa mansão, tinha criados e seu
pai era um homem influente na região. Amir passava boa parte do tempo com
Hassan, filho do empregado que morava nos fundos do quintal de sua casa, Ali.
Hassan também praticava funções de empregado, pois ele era um hazara, e, pelo que
o livro diz, hazaras são uma etnia do Afeganistão que trabalham apenas como
serviçais. Por esse motivo, muitos os viam como uma raça inferior. Amir e
Hassan, duas “raças” opostas, brincavam juntos, liam juntos (Amir lia para
Hassan, pois este não sabia ler nem escrever) e soltavam pipas juntos.
Em Cabul, cidade onde se passa boa parte da história, havia uma
competição de pipas. Várias crianças empinavam suas pipas e tentavam cortar as
dos outros. O dono da última pipa que sobrava vencia. As pipas que eram
cortadas e saíam voando eram como prêmios entre a criançada. Eles buscavam as
pipas e levavam as que conseguissem apanhar para casa. Hassan era um exímio
caçador de pipas. Ele sabia onde a pipa ia cair, sem olhar para o céu. E é em
uma dessas caças a uma pipa durante um campeonato que acontece algo que vai
transformar a vida dos dois amigos. Amir e Hassan se perdem um do outro
enquanto Hassan procurava uma das pipas que havia sido cortada. Quando Amir o
encontra, ele vê Hassan sendo violentado sexualmente por Assef, um rapaz que
anteriormente havia sido desafiado por Hassan e considerou isso um insulto por
ele ser um hazara. Assef era um bully, ele constantemente batia em outras
crianças e não suportou ser enfrentado por Hassan, tramando, assim, uma emboscada
para se vingar. Amir observa toda a cena, escondido. Ele não vai ao socorro do
amigo Hassan. E isso o atormentaria por todos os anos de sua vida.
Nos próximos meses de sua infância, Amir se afasta de Hassan, e este
muda completamente de comportamento depois do trágico acontecimento. Ele fica
mais calado, não sorri, e ainda encontra a frieza de Amir para piorar seus
sentimentos. Amir se sentia culpado por não ter ajudado Hassan e arranja um
jeito de fazer com que Ali, pai de Hassan, fosse demitido de casa. Em um dia
chuvoso, algum tempo depois do campeonato, Amir observa Hassan e seu pai indo
embora de sua casa. A partir daí, a história dá um salto de quase 10 anos,
contando sobre a fuga de Amir e seu pai, o seu baba, para fora da cidade e,
tempos depois, para fora do país, em direção aos Estados Unidos. Eles fogem,
pois o Afeganistão entrou em crise política, havia bombardeios para todos os
lados, pessoas morrendo nas ruas, e o Talibã impondo regras de comportamento
muito severas.
Amir e seu pai passaram a morar nos Estados Unidos. O pai trabalhando
num posto de gasolina e Amir fazendo faculdade para ser escritor. Desde
criança, Amir gostava de ler e criar histórias, sendo muito incentivado por
Rahim Khan, sócio de seu pai, que deu a Amir um caderno quando era criança.
Amir conhece uma moça, a Soraya, e os dois se casam. Eles não conseguem ter
filhos, apesar de todos os exames indicarem que ambos são completamente saudáveis
e férteis. Amir encara isso como um castigo de Deus por suas atitudes quando
criança. Baba, pai de Amir, descobre que está com câncer terminal e morre
alguns meses depois. É alguns anos depois da morte de baba que Amir recebe uma
ligação de Rahim Khan pedindo para ele voltar ao Afeganistão. Amir, então,
encontra um jeito de se redimir e recuperar os anos perdidos com Hassan.
Como eu já havia lido dois livros do autor, eu consegui me adaptar bem
ao seu estilo de escrita. Eu gosto muito do jeito que ele escreve, colocando
termos da língua árabe, algumas vezes traduzindo imediatamente, outras vezes
não. É fácil pegar as palavras no contexto, mas acredito que um leitor que pega
“O Caçador de pipas” pela primeira vez possa ficar um pouco confuso, porém nada
que atrapalhe na leitura. Os livros do Khaled Hosseini são bastante trágicos,
portanto se você está em um momento mais alegre ou mesmo em um momento mais
parado da história, pode ter certeza que algum muito ruim e triste está prestes
a acontecer.
A história do livro me emocionou bastante em muitos momentos, mas
principalmente no final. O final em si não é exatamente feliz, só que ele
também não é triste. Podemos dizer que é um final real, concreto. Por causa de
todo o sofrimento que os personagens passam durante toda a história, você fica
esperando algo mais agradável no final, porém as últimas páginas deixam um
sabor agridoce no seu paladar. Quase como se você esperasse que as vidas dos
personagens tivessem tomado um certo rumo, mas o que aconteceu na realidade é
suficiente. É realmente uma história muito emocionante e humana.
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