Todos os dias, Lou Suffern luta contra o tempo.
Ele tem sempre dois lugares para ir, tem sempre duas coisas a fazer. Quando
dorme, sonha com os planos do dia seguinte, e, quando está em casa, com a
esposa e os filhos, sua mente está, invariavelmente, em outro lugar. Numa manhã
de inverno, Lou encontra Gabe, um morador de rua, sentado no chão, sob o frio e
a neve, do lado de fora do imenso edifício onde Suffern trabalha. Os dois
começam a conversar, e Lou fica muito intrigado com as informações que recebe
de Gabe; informações de alguém que tem observado uniões improváveis entre os
colegas de trabalho de Lou, como os encontros da moça de sapatos Loubotin com o
rapaz de sapatos pretos… Ansioso por saber de tudo e por manter o controle sobre
tudo, Lou entende que seria bom ter Gabe por perto — para ajudá-lo a
desmascarar associações que se formam fora de suas vistas — e lhe oferece um
emprego. Mas logo o executivo arrepende-se de ajudar Gabe: sua presença o
perturba. O ex-mendigo parece estar em dois lugares ao mesmo tempo, e, além
disso, Gabe lhe fala umas coisas muito incomuns, como se soubesse do que não
deveria saber… Quando começa a entender quem é realmente Gabe, e o que ele faz
em sua vida, o executivo percebe que passará pela mais dura das provações. Esta
história é sobre uma pessoa que descobre quem é. Sobre uma pessoa cujo interior
é revelado a todos que a estimam. E todos são revelados a ela. No momento
certo.
Repleto de metáforas, O Presente é o livro de
Cecelia Ahern perfeito para ser lido com o objetivo de se refletir sobre o que
realmente importa na vida. Em terceira pessoa, é narrada a história de Lou, o
ambicioso empresário que prioriza seu trabalho – e os lucros decorrentes dele –
acima de tudo.
Como dito, a autora fez uso de inúmeras
metáforas em sua obra, não apenas para transmitir mensagens com ela, mas também
para criar frases mais elaboradas e impactantes, o que me agradou bastante
durante a leitura. Foi impossível não apreciar os quotes criados por Ahern no
sentido de admirar sua escrita; enquanto eu lia, parava por alguns instantes
para degustar suas palavras.
“Esta história é sobre pessoas, segredos e tempo.
Sobre pessoas que, assim como os embrulhos, guardam segredos, escondem-se sob
várias camadas, até encontrarem as pessoas que poderão desembrulhá-las e ver o
que há dentro. Às vezes é preciso se entregar a alguém para perceber quem você
realmente é. Às vezes é preciso remexer as coisas para chegar ao âmago.”
páginas 13 e 14
Ainda que eu estivesse bastante curiosa para
compreender os mistérios da história e quem, afinal, realmente seria Gabe, O
Presente passou longe de ter sido uma leitura frenética. Ao contrário, foi um
livro lido aos poucos e calmamente.
Lou foi um personagem que me causou extrema
angústia. Suas decisões e prioridades me causaram repulsa, em um primeiro
instante, de forma que tornavam quase impossível aceitar sua personalidade
egoísta e materialista. E conforme a história foi se desenvolvendo, trazendo
consigo aprendizados e amadurecimentos subsequentes, minha angústia se
transformou na aflição de acompanhar as consequências daquilo semeado pelo
próprio Lou.
Cecelia Ahern me surpreendeu no final ao
encerrar a história de uma forma que eu não havia esperado, embora, talvez, não
tenha sido um fim tão imprevisível assim. De qualquer maneira, fechei o livro
com o sabor agridoce e controverso de ter gostado do final ao mesmo tempo em
que ele representou algo que eu não gostaria que tivesse acontecido.
Em linhas gerais, O Presente passou longe de
ter me encantado e envolvido como os demais livros da autora lidos por mim.
Contudo, embora tenha sido uma leitura lenta, foi também uma bela história que
cumpriu muito bem seu papel em transmitir uma importante e reflexiva mensagem.
Fonte: Blog Minha Vida Literária
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