Sonhar, desejar, planejar, juntar tudo o que for preciso.
Pôr-se em movimento, fazer.
Contemplar a obra, ver-se nela, vivê-la.
Abalar, fragmentar, ruir.
Recolher os pedaços. Recolocar cada parte em seu lugar.
Refazer (-se).
Não importa quantos anos você tenha ou quantos ainda vai viver, não
importa se você é homem ou mulher, se velho ou criança, se do bem ou do mal, se
preto ou branco, se rico ou pobre, de esquerda ou direita, nenhuma dessas
classificações que tentam fazer do mundo e das pessoas ou isso ou aquilo. O que
faz de você alguém que vive e sente-se vivo é a sua escolha diante da vida. A
escolha de manter-se vivo e, para isso, ser capaz de se (re)fazer.
Quem de nós nunca sonhou, desejou e juntou tudo o que era necessário
para a materialização de um projeto - fosse ele ter uma casa, construir uma
família, estudar, crescer profissionalmente, fazer uma viagem, comprar um
carro, viver um grande amor ou qualquer que fosse o sonho? Todos nós já
sonhamos e nos colocamos em ação para tornar o sonho realidade.
Num movimento de eternas escolhas e investimentos, muitas vezes diante
de escolhas difíceis e esforços que pareciam não ter fim, fomos colocando
tijolo a tijolo, peça a peça, construindo nossos castelos. Obra feita. Contemplamos
nossa obra orgulhosos do que fomos capazes de fazer ou de onde conseguimos
chegar. Sentimo-nos felizes, realizados. Abrimos as portas, entramos e nos
instalamos. É chegada a hora de viver a conquista. E como isso é bom!
E assim, dia a dia vamos vivendo a obra construída. Até que o vento, a
chuva ou o fogo venham sem avisar, entrem sem pedir licença e passem a sacudir
nossos castelos, a colocar em risco nossas obras, a derrubá-las. Olhar para o
seu sonho no chão, derrubado pelo vento, encharcado pela chuva, transformado em
cinza. Olhar e ver ali a sua história, ver tudo o que você é transformado em
pedaços e ser capaz de acreditar que se a obra ruiu, o mesmo não aconteceu com
o sonho. O sonho continua vivo.
E ai você recolhe, junta os pedaços, busca novas partes. (Re)Faz.
Coloca-se em movimento na direção de seu sonho porque sabe que não só é
possível (re)fazer, mas que é, sobretudo, necessário.
E então você entende que não importa que os ventos sejam fortes, que a
chuva seja intensa, que o fogo se alastre rapidamente, você poderá (re)começar
tantas vezes quantas forem necessárias desde que o seu sonho seja de verdade,
seja forte o bastante para não ser deixado para trás. Afinal, o que é a vida
senão um eterno e infindável jogo de fazer(-se), desfazer(-se), refazer(-se)?
Daniela
Pederiva Pensin
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