"Todos somos escritores, só que uns escrevem, outros não." José Saramago.
PARA JOSÉ SARAMAGO, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura (1998),
escritor(a) não é apenas quem tem livro publicado, escreve profissionalmente ou
é reconhecido literariamente. Ser escritor é tomar "uma atitude perante a
vida" — é atender à exigência de um chamado.
Mas qual chamado? A escrita convida, chama, fala aos ouvidos da alma,
pedindo para ser escutada, expressada, redigida. Essa voz pode vir da
experiência do autor ou de alguém que lhe confessou uma dor.
A escrita sussurra, dizendo: "Vem cá, vamos conversar. Isto aqui
não está certo. Veja quanta discrepância há neste mundo. Repare nos corações
partidos, nas crianças perdidas, nas almas aflitas. Já viu quantas vozes são
silenciadas porque ninguém tem tempo nem sentimento para ouvi-las? Uma multidão
sem ar, sufocada neste mundo de azar, e você aí não vai oferecer nem um
pouquinho de oxigênio verbal para essa gente respirar? — inclusive, para
você?"
E aquele que atender ao chamado da escrita será escritor (a). Contudo,
quem rejeitar sua voz, seja por medo ou preguiça, perderá a inspiração, a força
e a oportunidade de escrever, talvez, irremediavelmente. E essa voz ecoará pelo
planeta, procurando outros que a aceitem.
A reconhecida escritora Elizabeth Gilbert falou sobre isso no livro
"Grande Magia: vida criativa sem medo". Ela disse que teve uma ideia
para escrever um livro, no entanto, por uma série de questões da vida, deixou
essa ideia adormecida, e ela escapou.
Tempos depois, Elizabeth conheceu uma amiga escritora, que estava
escrevendo um livro semelhante à ideia que ela tivera. Intrigada e surpresa,
Elizabeth perguntou à amiga a data aproximada do surgimento da inspiração do
seu livro. Adivinhe? Coincidiu com o mesmo período que aquela inspiração
literária escapou. Curioso, não? A voz da escrita está por aí, em busca de
novos escritores. Quem tem ouvidos — ouça
— escreva. ✍
— Elaine
Rodrigues, professora e escritora.
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