Por Alessandra Piassarollo
Uma pessoa jamais se sentirá plena se amar só um
pouco, pela metade, se não se entregar completamente. Repare que é
completamente, não insanamente. Há quem confunda e ache que amor é feito de
qualquer jeito, entre tapas e beijos, às vezes mais “tapas” que beijos.
Sinceramente, isso não tem cara de amor, é falta de sossego. E se não se tem
paz, não dá pra amar. Brigar desgasta, dá desgosto. Fujamos de afetos assim.
Amor tem que ter constância. E consistência. Ama-se
todos os dias, mesmo que o dia não seja o melhor. O amor fica impresso no
silêncio, no respeito ao espaço e tempo do outro, na companhia para o descanso
e na esperança de que o outro dia seja melhor.
O amor não precisa ser falado, embora seja gostoso
ouvir um “eu te amo” da pessoa amada. Isso não tem preço e é um prazer absurdo.
Mas ele está muito mais no toque, na forma de falar e no jeito de olhar. Amor é
mais sensação que palavras ditas.
Não pode afirmar que ama, alguém que não demostre
alegria em falar dos seus sentimentos. Mesmo que o tempo de convivência seja
longo, um mínimo de afeto precisa ser demonstrado. É bonito quando alguém
inclui o nome do outro em uma conversa qualquer. Inconscientemente, deseja que
a pessoa amada se faça presente, ainda que o assunto seja corriqueiro. São
coisinhas como: “fulano também é assim…,” fulana gosta muito disso…”. Dá gosto
de ouvir, soa como uma prova dos 9 do amor que aquela pessoa vive.
Amor é lembrar dos produtos preferidos ao cumprir a
lista do supermercado; é andar de mãos dadas na rua; é trocar metade de um
filme por beijos e abraços; dividir um lanche e um copo de suco e saber que o
verdadeiro banquete está na companhia.
É saudade boa na ausência e tranquilidade na presença.
Se os sentimentos acontecem ao inverso, há algo de errado. Se há mais cabeça
baixa que brilho nos olhos, também é sinal de alerta. Se o abraço trocado não
tem mais calor, a chama se apagou e talvez já faça tempo.
O amor precisa ser forjado, não vem de mão beijada nem
é feito apenas de rosas. Não é perfeito, nem feito apenas de momentos felizes
ou incríveis. Amor também é abrir mão, é conversa difícil e divergência. É
desacordo que precisa terminar em acordo, em pedido de desculpas e em promessas
de fazer melhor da próxima vez.
Só experimentou um amor verdadeiro quem pode fazer
dele o seu significado de reciprocidade. Só o amor devolvido na mesma moeda
traz felicidade completa.
Bem lá no fundo, se há intimidade a ponto de um abraço
dispensar qualquer palavra, seguramente é amor. Em resumo, “amar talvez seja isso: descobrir o que o outro fala mesmo quando ele
não diz…” (Padre Fábio de Melo)
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