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quinta-feira, 6 de junho de 2019

O ser humano e o aperfeiçoamento individual



O que acontece, e o que sempre aconteceu em todos os momentos cruciais da história humana, é que o homem não consegue encontrar a si mesmo e completar sua vida com aquilo que lhe falta. Daí que se tenha chamado o ser humano de ente imperfeito, porque requer aperfeiçoar-se, isto é, chegar a completar-se, pois não é mais que um fragmento de uma figura que é necessário terminar.

Uns têm o que falta a outros, e o que a uns falta, outros têm

Isso acontece com todos, sejam ricos ou pobres, belos ou feios. Uns têm o que falta a outros, e o que a uns falta, outros têm. Mas o grande problema reside em que ninguém quer dar ao outro o que tem, porque pretende que o que tem seja melhor do que o que lhe falta e o outro tem. É nesse verdadeiro labirinto de cotações dos fragmentos humanos onde se encontra a causa maior de todas as dissensões, e é, ao mesmo tempo, de onde parte a equivocada posição de todos os seres, sem exceção, que poderia ser definida com uma só palavra: incompreensão.

Isso se agrava ainda mais pelo fato de que os homens, por momentos, compreendem uma coisa e, depois, manifestam ignorá-la ou não compreendê-la; e não havendo segurança nas ações ou nos pensamentos, não perdurando o que deve ser permanente, a desconfiança toma corpo e se estende como algo contagioso por todas as partes. Entretanto, há mais ainda: muitos emprestaram ou deram ao semelhante o que lhe faltava e a eles sobrava, mas depois, por qualquer circunstância como, por exemplo, uma desavença passageira, retomaram o que lhe haviam dado, deixando-o outra vez carente dessa peça que lhe era tão necessária. E assim vem seguindo a humanidade: dando e tirando sem chegar nunca a se completar.

Não existiu, por certo, palavra alguma que, percorrendo todos os âmbitos do mundo –onde hoje, como ontem, como desde o princípio, desde os primeiros tempos, estamos habitando –, ensinasse aos homens essas verdades, razão pela qual têm sobrevindo tantas calamidades. Nada de positivo, nada de permanente haverá nesta Terra enquanto não se fixar no ser humano o verdadeiro conceito do eterno; e o eterno é o que não muda, que não deve mudar; aquilo que cada um consagra dentro de si mesmo como bom, como justo, como belo.

Extraído do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, pág. 190.

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