Texto
de Fabiana Santos, do blog Tudo sobre a minha mãe
O assunto é incômodo mas faz parte daquele grupo de questões que a gente
não pode fugir de encarar. Estou falando objetivamente da gente saber como
ensinar nossas crianças, mesmo pequenas, a não se tornarem vítimas de abuso
físico ou sexual. Por favor, este post é um serviço. Não passe batido.
Pensando nos meus filhos e nos seus, eu pesquisei a respeito do que os
americanos – que dão muita importância para o assunto – trazem para ser tratado
de forma inteligente. Já foi o tempo que eu achava isso exagerado, hoje
concordo demais que é muito, muito melhor prevenir. Então vamos às dicas que eu
consegui reunir:
1 – Meu corpo é meu: a criança deve
entender que o corpo dela lhe pertence, que ninguém tem direito, nem por
brincadeira, de ficar tocando nela de forma que a deixe constrangida. Eu sei
que a cultura brasileira aceita beijos e abraços sem ter fim. Eu sou assim e
meus filhos também. Mas é preciso sinceramente evitar abraços e beijos para
desconhecidos ou pouco conhecidos. Uma criança jamais deve ser obrigada a ter
contato físico com quem ela não quer.
2 – A lista das pessoas
confiáveis: a criança precisa ter a certeza de quem ela pode contar. Quem são estas
pessoas: o papai, a mamãe, a vovó, a professora? Que sejam. Mas vai ser muito
importante para ela que os pais identifiquem estas pessoas deixando bem claro
que a criança tem a quem recorrer, quem ela realmente deve confiar.
3 – Partes íntimas: ninguém toca nas
minhas partes íntimas é uma mensagem muito importante que as crianças precisam
receber. Ninguém pode pedir que eu toque as partes íntimas dela também. Outra
informação importante para as crianças é de que ninguém deve mostrar fotos de
partes íntimas para ela. A criança precisa saber que pode contar para sua lista
de pessoas confiáveis se algo do tipo acontecer.
4 – Ninguém pode ter segredo
desconfortável: a criança tem que ter o ensinamento de que não pode ter segredo com
ninguém que peça para algo não ser contado e que a faça se sentir mal ou
incomodada com isso. Se isso vier a acontecer, ela também precisa ser ensinada
a falar para alguém do seu grupo de pessoas confiáveis sobre essa história de
segredo.
5 – Nenhum adulto desconhecido
pede ajuda à criança: essa eu achei uma regra de ouro. Os pais devem
esclarecer aos filhos que não existe essa história de um adulto desconhecido
pedir ajuda para criança (seja na porta da escola, na pracinha, no
playground…). Que fique bem claro na cabecinha delas: adultos não precisam de
ajuda de criança, isso não existe. Adulto pede ajuda a outro adulto. Com isso
em mente, as crianças não titubeiam em dizer não, mesmo que os pais tenham
ensinado a elas que elas precisam ser gentis. Assim se alguém abordá-los dessa
forma, elas jamais devem seguir ou acreditar nessa pessoa.
Fabiana Santos é jornalista,
mãe de Alice, de 5 anos, e de Felipe, de 12 anos. Eles moram em Washington-DC.
No ano passado, para ser voluntária na escola da filha, ela precisou fazer um
curso para reconhecer e relatar abusos ou negligências cometidos a alguma
criança. Este curso, em grande parte dos distritos escolares americanos, é
obrigatório e gratuito.
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