Nossa sociedade não possuiu, para os homens, conceitos como ritos de
passagem para a vida adulta, fato este que não se repete com meninas. Elas têm
a garantia de duas fases bem marcadas: a menstruação e festa de debutantes, que
as apresentam socialmente e emocionalmente para a vida adulta.
Meninos não possuem um correlato, sendo deixados a própria sorte nesse
quesito, principalmente por ausência paterna, motivada por excesso de trabalho
do pai ou separação do casal, onde a guarda fica primariamente com a mãe.
Nisso, somos uma geração de homens criados por mulheres, e que delas
recebem a concepção errônea do que é o masculino. É impossível aprender a ser
um homem pelos ensinos de uma mulher.
Os garotos, assim abandonados, criam para si seus próprios "ritos
de passagem", onde se juntam para, de forma coletiva e motivados por um
desejo subconsciente, "inventar o que seja a masculinidade", daí
temos tanto envolvimento de jovens em violência e promiscuidade, os tornando
adeptos do conceito errado de ser macho. A ausência de uma figura paterna forte
que eles respeitem e imponha limites os tornam estereótipos, caricaturas do que
imaginam ser o masculino, pela sua aplicação errada e falta de direcionamento.
Outra via comumente seguida é os vermos renegando a masculinidade por
eles também imaginado, censuram em si mesmos as atitudes erradas do pai. Logo,
se o pai traiu a mãe e a deixou (sem entrarmos no mérito da questão), o garoto
busca se afastar, seja por decisão consciente ou inconsciente, da expressão
sexual com mulheres, seja física ou psicológica. Assim temos meninos efeminados
que cultuam em si ideais femininos para redimir em si mesmos as angústias
percebidas na figura feminina materna. O que não confere as armas emocionais
que poderia os prover com as habilidades no trato social com mulheres. Pois,
para eles, a relação com mulheres se dará no nível mulher-mulher, e não
homem-mulher. O que nos leva ao motivo de tantas relações fracassadas. Gerando
mulheres frustradas pelas decepções amorosas com esses homens ensinando seus
filhos mais conceitos errados, retroalimentando o ciclo.
Devemos lembrar que meninos querem ser aceitos em comunidades de homens
e, na falta destes, buscarão aceitação naquilo que reconhecem como ideal ou em
grupos que os acolham. O que abre as portas para todas as distorções
imagináveis, criando uma sociedade doente.
Interessante notarmos que tais "ritos" por eles criados não
conseguem efetivamente torna-los homens em suas próprias percepções, eles
continuam sendo meninos e por isso a necessidade constante de repetir tais
ritos continuamente. Um rito original para a vida adulta é um evento momentâneo
e marcado no tempo, tem seu início e fim, que após cumprido não é retornado com
o mesmo status. A partir dali temos um homem que se um dia voltar a participar
desse rito, será auxiliando um menino (comumente seu filho) em seu momento. O
que temos hoje é o inverso disso, eternos meninos presos em ciclos que não se
findam em busca de uma sensação de saciedade que nunca virá. São meninos que a
todo momento expressam sua frustração.
A função de um homem é formar novos homens, e tal função tem sido
preterida pelos homens e usurpada por mulheres que, por militância e
ideologias, querem emascular a sociedade.
Normalmente termino meus textos com a minha visão para a resolução da
questão por mim levantada, mas hoje desejo fazer diferente: convido você,
homem, a ponderar sobre sua própria concepção de masculinidade e como tem se
apresentado ao mundo. A sua função de formar novos homens têm sido realmente
posta em prática?
Lembrando que o exercício da masculinidade não é apenas para próprio
benefício, ou mesmo restrito apenas a família, mas se da em um contexto
comunitário/social, onde o ensino contribui para o caminhar correto de todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário