Pamela Camocardi
Ninguém cansa da noite para o dia. A gente cansa é depois de muita luta
e de muita dor. A gente cansa de insistir para que o outro fique e começa a
entender que a despedida é um presente.
Cansa de pedir explicações (que nunca são dadas) e
percebe que não precisa delas para ser feliz. Cansa de pedir a presença de quem
nunca esteve disposto a dar. A gente cansa, sem lirismo nenhum, de ser trouxa.
Os sintomas do cansaço emocional não são nada
confortáveis: insônia, cansaço físico e mental, irritabilidade, falta de
desejo, baixa resistência às doenças, entre outros. Mas, mesmo assim (embora
pareça loucura): estar cansado é um grande privilégio e isso é facilmente
comprovado no comportamento pessoal diário.
Os sintomas passam rapidamente quando você resolve
tomar um posicionamento diante das situações que o incomodam. Um alívio toma
conta de sua alma e você se sente livre e forte para começar uma nova vida.
Parece mágica: quando o cansaço bate nossos olhos se abrem a uma nova vida e o
que antes era importante passa a não ser mais.
Exagero? Não. Constatação! Quando estamos cansados
pouco importam as explicações, a insistência ou as declarações de amor. Nada
disso faz mais diferença porque, simplesmente, aprendemos a nos amar e ver a
vida com outros olhos.
Quando estamos cansados não aceitamos mais encaixes na
agenda de domingo à noite, não aceitamos “eu te amo” como prêmio de consolação
e nem companhia por costume. Em outras palavras: estar cansado é um grito de
liberdade da mente.
É sempre bom deixar claro que não estamos discutindo
aqui as desistências significativas como os términos benéficos que, por algum
motivo, levam o casal a seguir caminhos opostos. Nesses casos, o respeito e
carinho continuam, mas, por motivos aleatórios, o amor acabou. Estamos focando
em relações de mão única onde um dos dois é abusivo, omisso e negligente com a
relação.
Ninguém consegue nadar contra a maré a vida toda.
Chega uma hora que o corpo cansa e a mente pede socorro.
Um grande exemplo disso são as relações baseadas em
ciúmes excessivos e insegurança extrema. Note que, quando a relação está
baseada nesses sentimentos tóxicos a tendência é piorar dia a dia e o que era
para trazer paz, traz depressão, traumas e medos.
O cansaço nos permite entender que o verdadeiro amor
não é egoísta, não é ofensivo e não traz dor. Amor que é amor é primeiro
próprio e depois recíproco. Albert Camus em sua infinita sabedoria dizia que “o
homem tem duas faces: não pode amar ninguém, se não amar a si próprio”.
Então, ao persistirem os sintomas de cansaço, tome uma
atitude. Saia da sua zona de conforto e tome um posicionamento diante dos
fatos. Até porque as doenças resultantes do cansaço emocional não podem ser
curadas enquanto as causas não forem (definitivamente) resolvidas.
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