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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Crianças com necessidades especiais não precisam de compaixão



As crianças com necessidades especiais não precisam de compaixão, precisam de outras atitudes em relação a elas que certamente qualquer pessoa pode oferecer: naturalidade, carinho e compreensão. Ninguém gosta que outra pessoa a olhe com um olhar de pena.

Um olhar compassivo pode ter toda a boa intenção do mundo, mas na realidade pode estigmatizar e desvalorizar a pessoa à sua frente. Quando somos olhados com compaixão por um defeito físico, uma situação econômica difícil ou por termos cometido um erro, nos sentimos muito piores; pensamos que fizemos alguma coisa de errado para causar essa pena.

A criança e sua família passam por uma infinidade de situações estressantes que podem ser mais suportáveis se perceberem ao seu redor um bom apoio social, no qual se sintam envolvidos e compreendidos. Vamos descrever algumas situações pelas quais essas famílias e crianças passam para desenvolvermos uma atitude empática e adequada para com elas.

“A deficiência não te define; o que te define é a forma como você encara os desafios que a deficiência te apresenta.”
-Jim Abbott-

Um diagnóstico difícil

Cada gestação em uma mulher é diferente, mas todas as mães e pais têm o desejo de que as coisas saiam da melhor forma possível, que seu futuro filho tenha uma saúde perfeita para poder seguir enfrentando as demandas deste mundo cada vez mais exigente.

Podem aparecer exames que detectem problemas genéticos na gravidez, derivados de teratógenos e outros exames que detectem uma doença incurável no feto. Os pais irão agir perante essa situação difícil e irão decidir se devem ou não seguir adiante com a gravidez, segundo suas próprias reflexões e valores que iremos descrever a seguir.


Para muitos pais e mães, o diagnóstico já é comunicado na gravidez. Para outros, este diagnóstico se dará no nascimento e nos outros casos, as dificuldades da criança só se manifestarão mais tarde. Seja como for, esse é um diagnóstico duro, complicado e que causa um grande impacto emocional.

É neste momento do diagnóstico que a mulher, sozinha ou com seu parceiro, deve assumir que a sua maternidade será diferente, nem melhor nem pior… e este é um momento fundamental para o enfretamento posterior. A informação deve ser precisa, concisa e transmitida com delicadeza e compreensão.

Lidando com o diagnóstico

Esse é o momento de escolher as informações positivas, de desenhar um plano como pais para enfrentarem juntos o cuidado de seu filho, de amarem-se psicologicamente e de estarem cientes de que a criação desse filho será uma corrida de obstáculos, mas com a adição de que enfrentarão algo desconhecido.


Pouco a pouco, assumindo o diagnóstico, os pais se entregarão à criação da criança com toda a força e esperança para poderem alcançar as conquistas das quais seu filho precisa. Sessões de reabilitação, possibilitar um bom espaço para a criança e um projeto baseado no carinho, que é o que essa criança e qualquer outra realmente precisa.

Uma criança especial está com a gente

As crianças com necessidades especiais têm muito que nos ensinar. Elas são campeãs que lutam para poder superar muito lentamente as dificuldades que têm, e fazem isso quase sem reclamar, com um sorriso no rosto.
Às vezes os sentimentos delas são tão intensos que nos estremecem, mas as pessoas ao redor delas têm que lhes passar uma imagem de positividade, de que estão com elas ajudando-as em seu pequeno desafio diário.

“Parte do problema com a palavra “deficiência” é que ela sugere uma incapacidade de ver, ouvir, andar ou fazer coisas que muitos de nós damos por certo. Mas o que acontece com as pessoas que não podem sentir, falar dos seus sentimentos, controlar seus sentimentos, estabelecer relações próximas, realizar-se, gente que perdeu a esperança, que vive na miséria e amargura? Para mim, essas são as verdadeiras deficiências.”
-Fred Rogers-

As crianças com necessidades especiais abrem o coração para você e não guardam nada para elas. São puro sentimento em um corpo que talvez não lhes responda. São agradecidas, extremamente carinhosas, julgam com os olhos do amor e seu silêncio não é um incômodo. É o silêncio da calma e da sua reflexão que também é nossa.


Muitas vezes, elas visitam mais hospitais e centros de reabilitação em alguns meses do que nós em toda a nossa vida. Elas não merecem um olhar de compaixão, porque não há nada para sentir pena. Elas nos dão uma lição de luta e vida em todos os momentos. Pura e bela, uma cura incalculável.

A integração com os colegas e com a sociedade

Essas crianças podem encontrar dificuldades maiores ou menores em se adaptar ao seu ambiente. Infelizmente, pessoas que “a priori” não têm nenhuma deficiência intelectual comportam-se com certo tédio em relação a elas, com olhares compassivos e murmurando o quanto “isso” deve ser terrível.

Além disso, ainda se atrevem a fazer comentários ainda mais prejudiciais: “Que pena que você é assim”, “Coitada, isso é tão injusto” ou “Bem, Deus sabe porque faz essas coisas”. A ignorância de certo tipo de gente deve chegar a machucá-las.


É preciso eliminar essas pessoas da vida da criança e dos pais, e ignorá-las como elas merecem. A maior parte das pessoas é boa, educada e respeitosa em relação a isso, então não há nenhuma razão para dar mais importância a essas pessoas do que elas têm.

As pessoas que amam a criança só precisam levar a situação com naturalidade, como um problema de desenvolvimento e médico que pode ser tratado com os melhores profissionais e junto às pessoas que adoram vê-la sorrir como nenhuma outra coisa em suas vidas.
Nós devemos lutar por sua integração nos parques, nas escolas ou remover barreiras arquitetônicas. Porque um pouco de justiça, bons profissionais e um círculo cheio de amor em torno da criança podem operar o milagre: vê-la feliz a maior parte do dia.

Seus familiares, colegas, profissionais e amigos não vão pedir mais nada, porque se você vê o seu filho feliz, seja qual for a sua circunstância, há algo mais importante?


Imagens: Analía Heredia

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