Prof.
Marcel Camargo
É preciso coragem para se
colocar no lugar das dores alheias, porque isso dói, isso traz consciência de
que, muitas vezes, estamos sendo injustos com quem apenas necessita de apoio.
Olhar de longe os
acontecimentos, como mero espectador, não dá a ninguém autoridade suficiente
para julgar o que vê. Frequentemente, as pessoas são julgadas pelas atitudes
que tomam, sofrendo olhares de censura e comentários reprovadores de quem não
conhece o que se passou de fato até que se chegasse àquela tomada de decisão.
Um dos maiores favores que faremos aos outros será o de conhecer antes de
julgar.
Quem rompe um relacionamento,
quem larga o emprego, quem ama como quiser, quem fala o que pensa, são inúmeros
os exemplos de comportamentos que acabam sendo alvo da maldade alheia, alvo do
veneno de quem não consegue enxergar a si próprio e foge disso denegrindo o
outro. Como podem emitir juízos de valor baseados somente no conhecimento
superficial, sem ter vivido de perto nenhuma das histórias que não são suas?
Cada pessoa sente o mundo, os
acontecimentos, a vida, de um jeito próprio, ajeitando aquilo tudo conforme o
que possui dentro de si, de acordo com o que vem se tornando enquanto a vida
lhe envia as bagagens. Ninguém sente igual, nem dor nem prazer, o que nos
impede de querer que o outro aja como achamos que deveria ou como nós mesmos
agiríamos. E quem disse que o que pensamos é o mais correto? É muita presunção
mesmo.
Da mesma forma, bem como tanto
se alerta, é preciso exercitar a empatia, colocando-se no lugar do outro,
entendendo-o antes de criticá-lo. E é preciso coragem para se colocar nas dores
alheias, porque isso dói, isso traz consciência de que, muitas vezes, estamos
sendo injustos com quem apenas necessita de apoio. Atitudes extremas quase
nunca são tomadas por quem está bem e tranquilo, mas sim por pessoas enredadas
em meio à dor e ao desespero.
Portanto, não permita que
ninguém o julgue sem ter vivido a sua história, sem ter compartilhado nada com
você, sem nunca ter perguntado se precisava de algo. Ignore quem ataca sem
entender, quem julga sem conhecer, quem fofoca sem saber, porque a maioria das
pessoas só está preocupada com o que acham serem erros alheios que poderiam ser
evitados, embora elas próprias errem e tentem se esconder, apontando o dedo
para fora de si. Afinal, ninguém conseguirá ser tão implacável quanto a nossa
própria consciência.
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