O Santo Padre
nos alerta: coração dos hipócritas não está aberto à graça
Por
Redação Aleteia
O Papa
Francisco comentou a passagem do Evangelho de São Lucas em que Jesus dá
uma resposta dura ao fariseu admirado porque Ele se senta à mesa sem ter lavado
as mãos como a Lei prescrevia.
O Papa enfatiza a diferença
entre o amor do povo por Jesus e o ódio dos doutores da lei, escribas, saduceus
e fariseus que o seguiam para pegá-lo em alguma falta.
“Eram realmente um exemplo de formalidade. Mas faltava vida a eles.
Eram, por assim dizer, “engomados”. Eram os rígidos. E Jesus conhecia a alma
deles. Isto nos escandaliza, porque eles se escandalizavam com as coisas que
Jesus fazia quando perdoava os pecados, quando curava no sábado. Eles rasgavam
as suas vestes: ‘Oh! Que escândalo! Isto não é de Deus, porque o certo é fazer
assim’. Eles não se importavam com as pessoas: para eles importava a lei, as
prescrições, os preceitos”.
Mesmo assim, Jesus aceita o
convite do fariseu para o almoço, porque Ele é livre e quer chegar a todos. Ao
fariseu, escandalizado com o seu comportamento, Jesus responde:
“Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior
está cheio de roubos e maldades”.
O Papa comenta:
“Não são palavras bonitas, não é? Jesus falava claro, não era hipócrita.
Falava claro. E disse a ele: ‘Por que você olha para o exterior? Olhe para o
que existe dentro’. Em outra ocasião já tinha dito a eles: ‘Vocês são sepulcros
caiados’. Belo elogio, não? Belos por fora, todos perfeitos… todos perfeitos…
Mas, por dentro, cheios de podridão, de roubos e maldades, diz Ele. Jesus faz a
distinção entre a aparência e a realidade interior. Aqueles homens são ‘os
doutores das aparências’: sempre perfeitos, mas, por dentro, o que há?”.
Francisco recorda outras
passagens do Evangelho em que Jesus condena essas posturas, como a parábola do
Bom Samaritano ou Suas palavras sobre jejuar e dar esmolas com ostentação.
“Jesus qualifica estas pessoas com uma palavra: ‘hipócrita!’”.
São pessoas de alma
gananciosa, capazes de matar.
“E capazes de pagar para matar ou caluniar, como se faz hoje. Hoje
também se faz assim: se paga para dar más notícias, notícias que sujam os
outros”.
Eram pessoas “rígidas”, não
dispostas a mudar.
“Mas sempre, por trás de uma rigidez, existem problemas, problemas
graves. Por trás das aparências de bom cristão – aparências – existem
problemas. Ali não está Jesus. Ali está o espírito do mundo”.
Jesus os chama de “insensatos”
e os aconselha a abrirem a alma ao amor, para que a graça possa entrar: a
salvação “é
um dom gratuito de Deus. Ninguém salva a si mesmo, ninguém”.
Completa o Papa:
“Tenham cuidado com os rígidos. Tenham cuidado com os cristãos, sejam
eles leigos, padres, bispos, que se apresentam como ‘perfeitos’, rígidos.
Tenham cuidado. Não há o Espírito de Deus ali. Falta o espírito da liberdade. E
tenhamos cuidado com nós próprios, porque isso deve nos levar a pensar em nossa
vida. Eu costumo olhar só para as aparências? E não mudo o coração? Não abro o
meu coração à oração, à liberdade da oração, à liberdade da esmola, à liberdade
das obras de misericórdia?”.
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