Incluindo
um aluno com deficiência: Desafios e Possibilidades
Analise a situação abaixo.
Nosso objetivo não é obter respostas dicotômicas, divididas entre certas e
erradas, mas, sim, promover a reflexão quanto à complexidade do tema debatido
em uma situação inclusiva baseada em casos reais.
Contexto:
Numa escola da periferia urbana de uma capital do sul
do Brasil, João foi matriculado. Após três tentativas, sua matrícula foi
acatada pela escola devido a uma intervenção do Ministério Público.
Características:
João tem 7 anos de idade.
Apresenta seu desenvolvimento cognitivo preservado, entretanto, possui uma
deficiência congênita no neurônio-motor que tem como característica limitar
seus movimentos progressivamente (deficiência semelhante à do físico Stephen
Hawking).
Como
a professora o vê:
Ao
saber que receberia um aluno com limitações físicas, a professora se mostrou
extremamente preocupada, pois a escola não tinha os recursos previstos na
legislação vigente para receber adequadamente a criança. Além disso, a mesma
desconhecia estratégias pedagógicas que pudessem subsidiar sua prática junto a
uma turma inclusiva. Como a mãe o vê:
A
mãe dedica-se integralmente ao filho apesar de ter mais três. Abdicou de seu
emprego, sobrevivendo à custa de programas assistenciais. Leva o filho pela
manhã na escola ficando até o intervalo para alimentá-lo. Ao meio-dia retorna
para buscá-lo, dando sequência à sua rotina de fisioterapia, terapias e tratamentos
médicos. Nos dias de atendimento na sala de recursos, a mesma também aguarda o
filho na escola. Apesar de ver o filho como uma criança inteligente, não
concebe a possibilidade de sua independência, ainda que pequena, e acaba por
superprotegê-lo, inclusive interferindo na relação de seu filho com os colegas,
pois sua presença muitas vezes faz com que os outros se afastem de João.
Como
o pai o vê:
Ao
perceber dificuldades motoras em seu bebê e não conseguindo lidar com a
frustração de não ter o filho ideal, abandonou a família antes de João
completar um ano de vida. Como gestores da escola o veem:
Como um problema para a
escola, pois, por necessitar de adaptação, a mãe de João está sempre exigindo
da direção as reformas necessárias e previstas legalmente, para o bem-estar do
filho. Também são um problema para a escola os deslocamentos de João, bem como
todos os aspectos da rotina extraclasse: lanches, higiene pessoal, recreio, já
que não existe um profissional disponível para atendê-lo nesses momentos
(técnico em enfermagem, monitor, enfermeiro etc.). Ao mesmo tempo, a inserção
do aluno é vista com bons olhos pela mantenedora, que precisa elevar as
estatísticas quanto à inclusão no município; portanto, nessa perspectiva, a
escola se vale da matrícula de João para buscar mais recursos para a
instituição, embora nem sempre os aplique em favor das necessidades do aluno.
João é cheio de
possibilidades! A professora da sala de recursos vê suas dificuldades e busca
adaptar materiais e recursos para auxiliar o trabalho em sala de aula, bem como
promover maior inserção de João junto à turma. Ela sente dificuldade em
demonstrar o trabalho realizado no seu setor e a importância que essas
atividades representam para os alunos incluídos.
A deficiência entre os alunos
é mencionada quando algum deles manifesta curiosidade sobre como João realiza
procedimentos cotidianos como: usar o banheiro, escovar os dentes,
alimentar-se, falar ao telefone etc. As crianças disputam a oportunidade de conduzir
a cadeira de João, ainda que essa prática deixe a professora extremamente
aflita, e também encontram maneiras de auxiliá-lo em sala de aula quando
percebem que o mesmo não consegue realizar uma das atividades sozinho.
João não teve experiência
escolar anterior, frequentou apenas grupos de terapia, sempre acompanhado de
sua mãe. João percebe-se cada vez mais independente, apesar de suas limitações.
Não gosta de faltar à escola, detesta quando tem que ir ao médico em horário de
aula. Na sala de aula, sente-se à vontade com os colegas, mas nem sempre
entende o que a professora espera dele e fica um pouco triste quando não
consegue realizar as tarefas, mas anima-se a cada atividade realizada,
sobretudo com a participação da professora da sala de recursos em sua sala de
aula ou quando ele frequenta aquele outro ambiente.
E
então?
Cientes de que a inclusão não
se torna uma realidade com a simples vinculação de um aluno com deficiência no
ensino regular, reflita: quais pontos relatados apresentam possibilidades para
a inclusão de João? Quais aspectos se mostram como fatores impeditivos para que
João seja abarcado nesta realidade? Quais intervenções poderiam ser realizadas
visando garantir os direitos de João?
Após analisar a situação do
estudante João, descrita acima, reflita sobre as questões:
ATIVIDADE
Após analisar a situação do
estudante João, descrita no enunciado da atividade 2, reflita sobre as
questões:
• Quais pontos relatados
apresentam possibilidades para a inclusão de João?
• Quais aspectos se mostram
como fatores impeditivos para que João seja abarcado nesta realidade?
•
Quais intervenções poderiam ser realizadas visando a garantir os direitos de
João?
ScolarTic – Curso Escola para Todos: Inclusão de Pessoas com
Deficiência
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