Qualidades de um bom texto dissertativo
Ao
escrever um texto, o autor deve observar certas construções inadequadas que
podem dificultar a compreensão do que se quer transmitir. Algumas dessas
“armadilhas” são a ambiguidade e a redundância.
AMBIGUIDADE
A
ambiguidade pode ser usada para obter um efeito de sentido no receptor. Se ela
for produzida de forma involuntária e não tiver essa finalidade como recurso
textual, será considerada indevida e inadequada por dificultar a compreensão do
texto pelo interlocutor.
Para
obter coesão e coerência é preciso, portanto, evitar essa ambiguidade, causada
por pontuação imprópria, por problemas de construção textual e por emprego de
palavras com mais de um sentido, que podem gerar, de forma não intencional,
mais de uma possibilidade de interpretação. Veja:
O computador tornou-se um aliado do homem, mas esse nem sempre realiza
todas as suas tarefas.
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O
sentido da frase ficou ambíguo, porque as palavras esse e suas podem referir-se
tanto a “computador” quanto a “homem”. Tanto este quanto aquele podem não
realizar o seu trabalho por completo.
Para
que não ocorra ambiguidade, pode-se escrever essa frase assim:
O computador, apesar de ser um aliado do homem, não consegue realizar
todas as tarefas humanas.
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Observe
alguns casos frequentes de ambiguidade, que podem ser problemáticos, e os
sentidos possíveis de cada frase:
a)
Problemas com o uso de pronomes possessivos
Raquel preparou a pesquisa com Sílvio e fez sua apresentação.
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(Raquel
fez a sua apresentação ou a de Sílvio?)
• Raquel
e Sílvio prepararam a pesquisa, e ambos fizeram a apresentação.
• Raquel
e Sílvio prepararam a pesquisa, e ele fez a apresentação dele.
• Raquel
e Sílvio prepararam a pesquisa, e ela fez a apresentação dela.
b)
Problemas com o uso de pronomes relativos
Visitamos o teatro e o museu cuja qualidade artística é inegável.
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(É
o teatro ou o museu que possui qualidade artística?)
• Visitamos
o teatro e o museu, os quais têm qualidade artística.
• Visitamos
o teatro e o museu, e aquele tem qualidade artística.
• Visitamos
o teatro e o museu, e este tem qualidade artística.
Ambiguidade
(quando indevida) dificulta a compreensão do texto pelo interlocutor, por
oferecer, de forma não intencional, interpretação dúbia.
c)
Colocação inadequada de palavras
O cliente aborrecido recusou o vinho por causa da safra.
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(O
cliente era aborrecido ou ficou aborrecido naquele momento?)
• O
cliente recusou aborrecido o vinho por causa da safra.
• O
cliente, que era aborrecido, recusou o vinho por causa da safra.
d)
Sentido indistinto entre agente e paciente
A recepção dos noivos foi no salão do clube.
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(A
recepção foi oferecida pelos noivos ou eles foram recepcionados?)
• A
recepção foi oferecida pelos noivos no salão do clube.
• Os
noivos foram recepcionados no salão do clube.
e)
Uso indistinto entre o pronome relativo e a conjunção integrante
O motorista falou com o passageiro que era gaúcho.
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(O
motorista era gaúcho ou o passageiro?)
• O
motorista disse que era gaúcho ao passageiro.
• O
motorista conversou com o passageiro gaúcho.
f)
Problemas com o uso de formas nominais
O pai viu o filho chegando em casa bem tarde.
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(Quem
chegou em casa bem tarde: o pai ou o filho?)
• O
pai viu o filho que chegava em casa bem tarde.
• O
pai, ao chegar em casa bem tarde, viu o filho.
REDUNDÂNCIA
A
redundância dificulta o entendimento do texto pelo leitor devido ao uso de ideias
e palavras repetidas ou desnecessárias, que comprometem a clareza da mensagem.
Para evitar essa repetição de ideias, é preciso tirar palavras supérfluas a fim
de sintetizar informações e não comprometer a qualidade do texto.
A
repetição pode ser um recurso estilístico para estabelecer a coesão no texto.
Mas há casos em que é necessário evitá-la, para que a linguagem não fique
comprometida e se torne deselegante, inadequada e monótona. Alterar a posição
de ideias na construção do texto ou omitir um vocábulo já citado auxilia na
eficácia da mensagem que se pretende transmitir. Por exemplo:
Os professores exigiram o pagamento dos salários em atraso, mas o
governador não os atendeu.
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Veja
alguns casos em que a repetição pode constituir um problema textual.
a)
Palavras próximas e idênticas:
O povo exige seus direitos, os direitos do povo devem ser respeitados.
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b)
Repetições exageradas:
O ministro apresentou sua proposta de trabalho, mas o ministro não foi
claro em várias questões e as argumentações do ministro não foram aceitas.
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Observação: A repetição pode não ser problemática se
usada com intenção especial, como em textos humorísticos, publicitários,
literários, etc.
Redundância
prejudica o entendimento do texto pelo interlocutor devido ao excesso de ideias
e/ou palavras empregadas desnecessariamente.
Tirinhas para exemplificar redundância
Oi Mari, maravilhoso texto! Limpo, lógico e elucidativo. Parabéns! Realmente, para escrever bem, tem-se que reescrever diversas vezes até chegar ao razoável, ainda não perfeito. Eu li um livro "a arte de escrever", datado de mil, oitocentos e tanto e o autor dizia dos bons escritores que revisavam seus textos infinitamente. Obrigado pela partilha! Grande abraço. Laerte.
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