A
Síndrome da Superioridade Ilusória. Os Profissionais de Palco.
Por Psicologias
do Brasil
Desde tempos remotos personalidades como Sócrates, Darwin, Russell,
Santo Agostinho e até Thomas Jefferson, entre outros, tem alertado a humanidade
sobre o a ignorância e as suas características.
“Só sei que nada sei” de Sócrates (o
filosofo grego). À medida que vamos acumulando experiência sobre um assunto,
vamos percebendo o quanto ainda temos para aprender sobre ele.
Charles Darwin disse que “a
ignorância gera mais frequentemente confiança do que o conhecimento”. Isto
é, quanto menos sabemos de um determinado assunto maior a tendência para
pensarmos que sabemos tudo.
No século XX, o filósofo inglês Bertrand Russell escreveu: “O problema com o mundo é que os estúpidos
são excessivamente confiantes, e os inteligentes são cheios de dúvidas”.
É um pouco o reverso da medalha do que disse Santo Agostinho com “o reconhecimento da própria ignorância é a
primeira prova de inteligência”.
Dunning e Kruger dois psicólogos da Universidade de Cornell estudaram
este fenômeno e realizaram experiências até enunciar a sua hipótese conhecida
como o efeito Dunning-Kruger. Para eles este fenômeno é um distúrbio cognitivo
pelo qual indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto acreditam
saber mais que outros mais bem preparados, porém esta própria incompetência os
restringe da habilidade de reconhecer os próprios erros. Estas pessoas sofrem
de superioridade ilusória.
Numa sociedade onde a forma se valoriza mais do que o conteúdo a gente
pode terminar contratando ou seguindo os conselhos de um suposto especialista “incompetente” que aparenta saber muito,
tomando decisões erradas e chegando a resultados catastróficos.
Os portadores dessa síndrome receberam de Dunning o carinhoso apelido de “idiotas
confiantes”. “Os incompetentes são
frequentemente abençoados com uma confiança inadequada, afiançada por alguma
coisa que, para eles, parece conhecimento.”
Este tipo de pessoas falham em:
– reconhecer sua própria falta de habilidade e as suas limitações;
– reconhecer as habilidades genuínas em outras pessoas, pessoas que não
escutam;
– reconhecer a extensão de sua própria incompetência;
– reconhecer e admitir sua própria falta de habilidade, depois que forem
treinados para aquela habilidade.
Os verdadeiros especialistas raramente se referem a eles como tal e são
substancialmente mais modestos do que aqueles que assim se intitulam. Os
verdadeiros especialistas sabem que ainda têm um longo caminho a percorrer até
o serem, se é que algum dia o serão. Sabem que haverá sempre quem seja melhor e
pior do que todos nós em todas as atividades e que, por isso, devemos evitar os
rótulos.
Todos nós reconhecemos ou vivenciamos uma situação semelhante. Afinal,
quem nunca se deparou com alguém, totalmente ignorante em alguma área do
conhecimento, que nunca leu nada sobre o assunto, agir como um sábio e tentar
refutar ou debater ideias bem estabelecidas, conhecidas e elaboradas por
estudiosos e talentosos especialistas?
Isso em educação é um clássico, muitos profissionais muito reconhecidos
são péssimos professores, acontece que o fato de conhecer os conteúdos da sua
área de estudo não faz deles especialistas em educação e muito menos bons
professores.
Vivemos na sociedade do conhecimento e no império da complexidade onde o
todo de qualquer cenário de atuação é muito mais do que a somatória das partes,
e o conhecimento é considerado como algo transitório. Por esse motivo, esta
sociedade tem como característica fundamental a reflexão, que é considerada
como uma porta aberta a mudança e ao reconhecimento de que o que ontem dávamos
por sabido amanhã pode ser considerado um completo erro.
Ou o que é bom e certo num contexto pode ser um completo desastre em
outro contexto, algo que os ignorantes de plantão nem sequer reconhecem já que
não desenvolveram a sua capacidade de reflexão.
Uma sociedade onde o diálogo, a capacidade de escutar e de duvidar são
os métodos por excelência para crescer e aprender a aprender; quando nos
abrimos a escutar e a refletir é como se pedíssemos emprestada a mente dos
outros cheia de conhecimentos e experiências para nos enriquecer.
Lamentavelmente nesta sociedade nos deixamos guiar pela aparência. E as
aparências enganam. Tanta é a quantidade de conhecimento que circula na
sociedade atual que ao invés de reconhecer as nossas limitações e nos
associarmos com outras pessoas que sabem o que não sabemos para completar-nos
terminamos perdendo a capacidade de reconhecer os nossos limites.
Lamentavelmente possuir um título, seja de uma universidade nacional ou
estrangeira reconhecida não configura nenhuma garantia de conhecimento, e o que
é pior encontramos muita gente ocupando cargos de altíssimo nível que não
entendem do que falam e que ficam possuídos com gente que pensa diferente, os
ignorando e até combatendo.
Existem hoje muitos profissionais de palco como diz Felipe Machado, que
são bons para apresentações, emocionam e cativam o público, mas que em muitos
casos não teriam conteúdo a agregar além de frases de efeito e ideias vazias.
Uma coisa é certa somos todos aprendizes e mestres, ao mesmo tempo,
quando nos topamos com profissionais cheios de si que se apresentam como gênios
é um bom momento para começar a duvidar já que ninguém, ninguém sabe tudo.
Uma das qualidades mais importantes de um profissional hoje é aprender a
aprender e isso só se consegue com humildade, aprendendo a escutar.
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