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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O menino invisível



Outro dia ao usar o elevador do prédio, eu, meu filhão e minha bebê, encontramos alguns vizinhos.

Durante o trajeto, os vizinhos foram brincando com a bebê, perguntando nome, idade... Quando saímos do elevador, meu filho diz: “Mãe, já percebeu que parece que eu estou invisível? Ninguém mais me nota, só olham para a minha irmãzinha. Os vizinhos nem me deram bom dia!”.

Tomei um susto quando ouvi, e na hora me veio a resposta (normalmente isso não acontece, mas nesse dia fluiu): “Eu te entendo filho, você já percebeu que ninguém pergunta como eu estou? Se eu consigo dormir bem, se estou sentido alguma dor, nada. Só querem saber da bebê.”

Ele me deu um abraço e disse: “É mãe o jeito é a gente se ajudar.” “Mas filho, eu não fico triste. Quando você era bebê acontecia a mesma coisa, todo mundo só queria saber de você e eu e o papai ficamos invisíveis mas felizes porque todos queriam conhecer o mais novo membro de nossa família. Você vai ver, já já essa novidade passa e tudo volta ao normal.”

Passando alguns dias, a cena no elevador se repetiu.

Como que por proteção olhei imediatamente para ver como meu filho estava reagindo aquela bajulação dos vizinhos com a irmã. Ele estava sorrindo e quando viu que eu estava olhando para ele, segurou minha mão e me deu uma piscadinha com um dos olhos. Tive vontade de parar tudo e esmagá-lo de beijos.

Quando saímos do elevador perguntei para ele: “Filho, está tudo bem?”

A resposta dele me surpreendeu: “Não se preocupe mamãe, eu já entendi que a neném é novidade, um dia eu passei por isso, agora é a vez dela.”

Simples assim, resolvido e superado. Ao menos por hoje.

Como ele me ensina.

Ele pode até estar invisível para alguns, mas para mim ele brilha.

Texto: Lúci Lima

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