Por Fabíola
Simões
Esqueceram
de nos contar que ser "bonzinho" é diferente de ser bom.
Muita gente confunde bondade com incapacidade de dizer “não”, de colocar limites, de dizer o
que gosta e o que não gosta, de satisfazer as próprias necessidades.
Aprender a dizer “não” não é
sair chutando a porta por aí. É estar pronto para amadurecer com confiança,
certo de que não deixará de ser amado só porque decidiu levar seus desejos e
opiniões em consideração.
Não se trata de dizer que “não
somos obrigados a nada”, e sim de entender que é importante aprender a se
posicionar diante da vida, das exigências do dia a dia, das pessoas e do que
cada situação exige.
A vida exige rupturas. Exige que abandonemos nossos ninhos no alto das
árvores e ganhemos o céu. Mesmo que o preço seja cair e nos ferir algumas
vezes, a recompensa de nos tornarmos quem realmente somos faz valer a pena.
Esqueceram de nos contar que podíamos recusar aquele convite, que não
era pecado dizer “não” àquilo que não
estávamos dispostos a fazer, que não devíamos nos sentir culpados quando
impúnhamos limites ou sentíamos necessidade de nos agradar em primeiro lugar.
Esqueceram de nos contar que ser “bonzinho”
é diferente de ser bom. Que quando me desagrado para agradar aos outros estou
descumprindo a lei do amor que diz: “Ame
a teu próximo como a ti mesmo”.
Ser bom é ter empatia, é se compadecer da dor do outro e estar a postos
para ajudar, é ter compaixão, tolerância e respeito pelos que nos cercam. Já
ser “bonzinho” é satisfazer as
expectativas dos outros, o que nem sempre satisfaz as nossas próprias
expectativas. É carregar um fardo nas costas, já que é exaustivo corresponder
fielmente ao que é esperado por todos, mas nem sempre está de acordo com o que
intimamente queremos.
O preço de ser bonzinho é a fragilidade. Pois enquanto preferirmos
corresponder às expectativas externas em detrimento de nosso próprio bem estar,
estaremos frágeis, susceptíveis ao julgamento externo, vulneráveis ao que pensam
ou deixam de pensar a nosso respeito. Quem deixa de ser “bonzinho” se fortalece. Descobre que tem valor mesmo quando recusa
um favor ou prefere pintar o cabelo de azul.
A vida ensina sussurrando. Enquanto não aprendermos a ser autênticos no
querer ou não querer, no permitir ou não permitir, no autorizar ou não
autorizar, iremos sofrer as consequências de não sermos gentis com nosso
próprio espírito. Não se trata de ser egoísta, e sim de se respeitar em
primeiro lugar. Só assim estaremos prontos para ajudar. Só assim estaremos
aptos a amar…
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