Luciana
O’Reilly
Colaboração,
compartilhamento, transparência e empoderamento são os princípios que guiarão a
formação dos futuros líderes do planeta, como explica a diretora executiva de
operações do Instituto Singularidades, Luciana O’Reilly, no artigo a seguir
Quando pensamos em liderança nas corporações, logo nos vêm à cabeça a
imagem de um indivíduo em destaque, rodeado por seguidores, ou a figura
piramidal de um organograma clássico de uma empresa. Mas certamente essas
imagens já não mais representam a liderança do mundo contemporâneo, e ainda
menos, a do futuro.
Em um mundo complexo, instável, imprevisível e globalmente interligado,
como as escolas podem preparar nossas crianças nesse novo paradigma?
Don Tapscott, escritor, consultor e um dos principais pesquisadores
mundiais sobre o impacto da tecnologia nas empresas e na sociedade, diz que
estamos na Era da Inteligência em Rede, estruturada em quatro princípios
fundamentais: colaboração, transparência, compartilhamento e empoderamento.
Nesse cenário, a resposta não está mais em cada um, e sim entre as
pessoas, na soma, na troca, na diversidade e no diferente. E essa realidade
demanda uma nova forma de ser, de trabalhar e de liderar.
Um estudo realizado pelo National
Research Council, publicado em 2012, Educação para a Vida e para o
Trabalho: Desenvolvendo Transferência de Conhecimento e Habilidades do Século
21 indica habilidades necessárias para crianças atingirem seu pleno potencial
como adultos, no papel de cidadãos, pais, líderes ou colaboradores, e as
separam em três grandes domínios: cognitivo, intrapessoal e interpessoal.
Novo paradigma
A partir desse novo paradigma, as escolas devem garantir às crianças,
para além do cognitivo (relativo ao conhecimento), uma formação baseada em
experiências significativas que desenvolvam competências e habilidades, e que
gerem a capacidade de atuar coletivamente em prol de um bem comum.
Habilidades intrapessoais, que dizem respeito à forma como lidamos com
as próprias emoções, e interpessoais, relativas à maneira como lidamos com as
outras pessoas, são fundamentais para preparar nossos jovens para agirem nos
contextos social, cultural, político e econômico de nosso país.
Atividades e projetos bem planejados e executados, como por exemplo, o
trabalho em pequenos grupos dentro da sala de aula, promovem o exercício de uma
infinidade de habilidades necessárias para a liderança do futuro, tais como a
escuta ativa, a alternância de papéis, aprender a se colocar no lugar do outro,
resiliência, autonomia, tolerância e estabelecer laços de confiança, entre
tantas outras.
O desenvolvimento dessas características, desde a infância, permitirá às
novas gerações um repertório abundante para a vida prática fora do contexto
escolar.
Essa nova era pede estruturas organizacionais ágeis e inovadoras, com
relações de trabalho e de liderança colaborativas e vinculadas a propósitos
transparentes, imbuídos em atender à demanda urgente por um mundo justo,
equitativo, social e ambientalmente sustentável.
Luciana
O’Reilly é diretora executiva de operações do Instituto Singularidades
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