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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

LER PARA APRENDER



“Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos?  
Fernando Pessoa, in: Notas Autobiográficas e de Autognose”


Marilene dos Santos[1]

            A principal função da escola é desenvolver no aluno a capacidade de aprender a aprender. Uma das ferramentas fundamentais para que esse processo se instale é o domínio da linguagem; ele é adquirido pela leitura e pela escrita e vai repercutir em todas as áreas do conhecimento.
            Com a leitura aprendemos as ideias que circulam na sociedade, seus valores, suas disputas, os lugares que cada um ocupa no tecido social e como se dá a mobilidade das ideias e das pessoas.
            O ato de ler e escrever exige disciplina, concentração e trabalho. Manguel, em seu livro “Uma história da leitura” (Companhia das Letras, 1997), apresenta exemplos de leitores que passam despercebidos como tais, como o astrônomo que lê um mapa de estrelas, o jogador que lê os gestos do parceiro antes de jogar a carta, o público que lê os movimentos da dançarina no palco e o amante que lê cegamente o corpo amado.
            Nesse paradigma, a leitura não pode ser limitada ao texto escrito, muito menos a um só significado existente em cada frase, imagem, fala ou expressão. Existem diversas maneiras de se ler e de ser leitor.
            Convém ressaltar que a compreensão de um texto não requer que os conhecimentos do texto e os do leitor coincidam, mas que possam interagir para assim, considerar que esses conhecimentos são diferentes de leitor para leitor, o que implica uma pluralidade de leituras de sentidos em relação a um mesmo texto.
            Nós professores, temos a tarefa de preparar nosso aluno, ajudando-o em primeiro lugar a descobrir o sentido e o significado em cada imagem, fala ou expressão. A existência de bibliotecas é um fator de extrema importância na formação dos leitores, e o local deve ser aprazível, acolhedor e contar com profissionais interessados em trabalhar como mediadores de leitura, e não como guardadores de livros.
            Não basta expor os educandos a uma multiplicidade de textos, mas selecionar e trabalhar esses textos, com base no gênero a que eles pertencem. Leitura dirigida, por exemplo, só deve ser adotada se acompanhada de discussão; o contrário, o ideal mesmo é a leitura livre.
            O jovem precisa da escola não só para aprender, mas para ser cidadão. A escola deve ser o elemento agregador, o lugar de conflitos e crescimentos e, sobretudo, de reconhecimento. Qualquer profissional é cobrado se não mostrar um bom desempenho. O resultado do nosso trabalho está no sucesso do nosso aluno. Temos o dever de procurar ajudá-lo a alcançar o sucesso. Verifica-se dessa forma que, na qualidade de leitores ativos, o leitor estabelece relações entre conhecimentos anteriormente construídos e as novas informações contidas no texto, possibilitando-lhe processar, criticar, constatar e avaliar as informações que lhe são apresentadas, produzindo sentido ao que leu.
 


OBS: Artigo publicado no Jornal Folha Regional dia 31 de Maio e 01, 02 de Junho de 2008


[1] Professora formada em Letras Português e Inglês.

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