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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Forma física, corpo perfeito e consumismo

 


Vale tudo para obter um corpo perfeito? Os fatos indicam que não, como se pode ver por relatos publicados na imprensa. Não bastasse isso, os especialistas da área médica alertam constantemente para os perigos de cirurgias desnecessárias, de usar produtos químicos inadvertidamente, de apelar para profissionais (nem sempre da área médica) que fazem o serviço a preços módicos.

Mesmo assim, é crescente o número de pessoas que se dispõem a realizar os mais variados procedimentos, em busca do corpo dos seus sonhos – ou daquele que a moda e os meios de comunicação apresentam como perfeito. Só para dar um exemplo, uma pesquisa da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência mostrou que as cirurgias estéticas em adolescentes aumentaram 141% em quatro anos.

Diante desse quadro, é o caso de se perguntar: teria o corpo perfeito se transformado também num objeto de consumo? O consumismo, afinal, chegou à forma física e à anatomia, assim como tem invadido vários outros aspectos da vida contemporânea?

 


 Os ideais de beleza física, para a mulher ou para o homem, são cultuados desde a Antiguidade. Na mitologia grega, Afrodite (Vênus, para os romanos) era um símbolo de beleza. A imagem acima representa essa personagem, em versão renascentista italiana. É o quadro “O nascimento de Vênus”, pintado por Sandro Botticelli, por volta de 1485.

 

Alergia, rejeição, infecção, necrose...

 

Um jovem de 18 anos morreu na noite deste sábado (25) em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) após injetar hidrogel no pênis, segundo a polícia. O caso suscita muitos questionamentos. O primeiro deles são os potenciais graves riscos do uso inadvertido desse produto, como já ficou demonstrado no episódio envolvendo a modelo Andressa Urach e da morte de uma mulher em Goiânia (GO). O hidrogel é formado 98% por água e absorvido pelo corpo após cerca de dois anos. Em tese, quando usado por médicos e em doses recomendadas, é seguro, mas frequentemente temos visto várias complicações associadas ao seu uso. Entre elas, alergia, rejeição, infecção e necrose dos tecidos.

[Cláudia Colucci - Folha de S. Paulo]

 

Riscos X Vontade

 

Ser capaz de enfrentar qualquer sacrifício em favor da boa forma parece estar mais perto da realidade brasileira nos últimos tempos. As academias se proliferam pelas ruas das cidades, assim como salões de beleza com fórmulas mágicas de redução de medidas do corpo prometendo à mulher – e por que não ao homem também? - entrar naquele jeans tamanho 38, para ela. E vale também arriscar uma lipoaspiração e muitas pessoas estão recorrendo, embora a princípio a indicação deva ser exclusivamente para a boa saúde, à cirurgia bariátrica, a de redução de estômago, para ter aquele corpo que talvez nunca nem tivesse sonhado em ter. As próteses vêm sendo procuradas por uma camada cada vez mais jovem de pacientes. E de diferentes classes sociais. São alertados de todos os riscos, mas minimizados em favor da vontade. [Tribuna do Norte]

 

Uma questão de bom senso

 

A busca pelo corpo perfeito leva muitas mulheres às clínicas especializadas em busca da remoção de gordura localizada, flacidez, celulite e rugas. Estes procedimentos, no entanto, estão se tornando cada vez mais invasivos. Por isso, especialistas recomendam bom senso. “Por influência das celebridades da TV, as pessoas estão banalizando a procura por esses tratamentos, exibindo corpos moldados por meio de cirurgias ou aplicações hormonais realizadas em momento inadequado”, explica a dermatologista Camila Ciarleglio. “Muitas vezes, essas sessões são realizadas ilegalmente por supostos médicos, que oferecem resultados milagrosos a baixo preço utilizando produtos de péssima qualidade”, completa. [Veja SP]

 

Ditadura da beleza

 

A “ditadura do corpo perfeito”, pregada a ferro e fogo pela sociedade, tem se transformado em armadilha para aqueles que acreditam que a felicidade está em músculos grandes, em corpos magros e sem gordura. Em busca da beleza escultural, homens e mulheres ingerem e injetam substâncias capazes de fazer milagres. Por um lado, deixam o corpo bonito, forte e aparentemente saudável em pouco tempo. Em contrapartida, os produtos cobram um preço alto por isso: funcionam como um tsunami interno no organismo, causando doenças graves e, em alguns casos, até a morte. Preocupados com o cenário que já se tornou uma obsessão global, muitos especialistas dizem tentar convencer as pessoas sobre os riscos que correm, mas o esforço, segundo contam, tem sido em vão, principalmente entre os jovens que buscam essa fórmula da beleza a qualquer custo. [Site Ler Saúde]

 

 

Corpo e estética na sociedade

 

O corpo é uma construção cultural: já que cada sociedade se expressa diferentemente por meio de corpos diferentes, no qual este corpo que encontramos na nossa individualidade, e que nos tornamos humanos. Desse modo, se olharmos uma mesma cultura em diferentes épocas, iremos perceber que o ideal de beleza, e criado, modificado, e recreado, estabelecendo assim a compreensão que se tem como “feio” e “belo”.

Já o termo estética compõe-se de duas raízes etimológicas. Uma é “aisth” que significa sensação, sentir, a outra é “etos” que significa costume, moral. Portanto, pode-se dizer que corpo estética significa a construção moral ou o costume da sensação e de sentimento em um determinado individuo.

O corpo estético na sociedade e enfatizado pela mídia e pela propaganda no objetivo de fazer indivíduos consumidores, pois a sociedade e composta pelo sistema econômico em que estamos entrelaçados e pelos padrões a serem estabelecidos na sociedade. Hoje e o caso do corpo na sociedade, em que o corpo tem que ser belo, perfeito, lindo, se você possui este corpo esta inserido no padrão estabelecido pela sociedade, se não possui este corpo perfeito e descriminado e muitas das vezes o individuo e motivo de chacota.

Por exemplo, se olharmos a arte da pré-história, no período Paleolítico Superior (aproximadamente entre 25.000 a.C. e 10.000 a.C.), veremos que nos trabalhos em escultura predominava as figuras femininas, com a cabeça surgindo como prolongamento do pescoço, seios volumosos e caídos, ventre saltado, com excesso de tecido adiposo e grandes nádegas flácidas, destacando-se entre essas esculturas a que os cientistas chamavam de “Vênus de Willendorf” (Proença, 2000 - figura abaixo). Então podemos ver que a uma diferença muito grande de padrão de beleza da pré-história, para as mulheres do século XXI que são influenciadas pela propaganda e pela mídia.

 

 


 O corpo e a ciência social são socialmente construídos, o corpo é e sempre será submetido a vários tipos de interdições e transformações, desse modo todo nosso agir, falar, sentir, andar e pensar representam modos de vida diferentes, de um determinado grupo social. Por isso que no planeta existe uma imensa diversidade de culturas, no qual, cada sociedade tem seus hábitos e costumes, e em cada uma há uma concepção diferente de corpo e de beleza. A preocupação do homem com o corpo, no entanto não e recente. Para os gregos a estética e o físico eram tão importantes quanto o intelecto na busca pela perfeição no qual traduzido na frase “mens sana in corpore sano” (mente saudável em corpo são).

Já no século XXI com as ideias de beleza imposta pela indústria da moda e alimentados pela mídia a valorização do corpo perfeito tornou-se uma obsessão global. Hoje cada vez mais pessoas buscam formas de transformar o físico, em busca da perfeição de acordo com os padrões (Renata Firace).

A sociedade, a propaganda e a mídia sem se da conta traz danos os indivíduos, é comum nos dias de hoje encontramos pessoas que colocam suas vidas em riscos, consumido remédios para emagrecer e anabolizantes e fazendo cirurgia desnecessária, muito comum encontramos também pessoas com algum tipo de doença como a anorexia, a bulimia, vigorexia entre outros, isso e chocante.

O culto ao corpo coloca-se hoje como preocupação geral atravessando todos os setores, classes sociais e faixas etárias, apoiada num discurso ora voltada à questão estética, ora à preocupação com a saúde. Assim, a percepção do corpo na atividade e dominada pela existência de um vasto arsenal de imagens visuais e técnicas que investem na transformação corporal, projetando corpos perfeitos para sociedade, de modo que não basta ser saudável: há que ser belo, jovem, estar na moda e ser ativo (FIGUEIRA, 2005, p. 2).

“Nunca se falou tanto em corpo como hoje, nunca se falara tanto dele amanha. Um novo dia basta para que se inaugure outra academia de ginástica, alongamento, musculação: publique-se novos livros voltados ao autoconhecimento do corpo; descubram-se novos preconceitos quanto à sexualidade, outras praticas alternativas de saúde; em síntese, vivemos nos últimos anos perante a incontestável redescoberta do prazer, voltamos a dedicar atenção ao nosso próprio corpo.” (Codo e Senne, 1985)

 

Conclusão

 

É diante dessas e de outras relações estabelecida pela sociedade, que tenho aqui o objetivo de que a sociedade se conscientize e reflita mais sobre o uso de anabolizantes, e de qualquer outro produto, pois o nosso corpo se torna um objeto manipulado pela sociedade, e isso mostra como somos submissos, aos padrões de beleza impostos pela sociedade econômica, pela mídia e pela propaganda.

 

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014.

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