Como educar as crianças para um futuro que não sabemos como vai ser?
por:
Tonia Casarin
Vivemos no mundo hoje sem fronteiras. As fronteiras entre os países
estão cada vez menores e muitas vezes inexistentes, e, hoje, conseguimos
acessar informações de todo o mundo, muitas vezes ao vivo e online. Graças a
essa rede de comunicação!
Outro aspecto importante no contexto é a tecnologia. A tecnologia vem
evoluindo de uma forma extremamente rápida. Em 2006, por exemplo, não existia Iphone, Ipad, 4G. Não existia UBER, AirbnB, Instagram e Snapchat e nem mesmo o famoso Whatsapp. Dizem que a velocidade da
tecnologia é exponencial, ou seja, a sua performance dobra praticamente a cada
dois anos e o seu custo cai. Para aqueles que são mais entendidos na área de
tecnologia, existe uma lei conhecida como Lei de Moore, que prega que a relação
performance preço dos computadores dobra a cada dois anos. Eu vou dar um
exemplo: em 1976, surgia a primeira câmera digital, feita pela Kodak.
Ela custava $10.000. Atualmente, a gente tem uma câmera com 10.000 vezes
mais resolução, 1.000 vezes mais leve e 1.000 vezes mais barata no nosso
próprio celular, a um custo de $10. Ou seja, a velocidade e a relação
produtividade-performance da tecnologia é considerada exponencial e hoje a
nossa câmera do celular do nosso smartphone é um bilhão de vezes melhor do que
a câmera em 1976. Sim, um bilhão de vezes melhor.
Não precisamos ir muito longe para imaginar a desesperadora velocidade
da tecnologia nas nossas vidas: 17 anos atrás o Google era uma pequena empresa em uma garagem na Califórnia, não
tínhamos smartphones, nem Facebook, muito menos WhattsApp. Até 2030 estima-se que 40%
dos empregos que existem hoje serão realizados por máquinas, ou deixarão de
existir. Os conteúdos que vemos como relevantes já estão a um clique de
distância, o mundo não é separado por fronteiras geográficas rígidas, você
vive, colabora, interage e compete com todo ele.
Há alguns meses, a Harvard
Business Review publicou um artigo com uma premissa provocadora: em um
mundo cada vez mais tecnológico, as habilidades sociais e emocionais são cada
vez mais importantes.
O artigo dizia que no modelo de mundo que já é presente e cada vez mais
se aproxima, saber se relacionar, se comunicar, trabalhar cooperativamente e se
adaptar a circunstâncias diversas pode ser o diferencial entre você e o outro
candidato a um emprego, e não, necessariamente, sua capacidade de fazer
cálculos mentais. Ele aponta que bons robôs são excelentes em realizar tarefas
específicas, as que foram programados para realizar, mas por esse mesmo motivo
não são flexíveis – e essa é a vantagem dos seres humanos no mercado de trabalho:
ser capaz de estabelecer relações em diferentes contextos.
Outro exemplo que ajuda a ilustrar a velocidade da tecnologia e como ela
é poderosa em tão pouco tempo é que o seu smartphone
que você usa todo dia e que, provavelmente, está no seu bolso bem perto de você
agora, é mais potente do que todos os computadores que a NASA usou para colocar o Apolo
11 na Lua em 1969. Não é impressionante?
Os americanos usam um acrônimo chamado VUCA para caracterizar esse contexto que a gente vive:
• V é de volatility, que
significa volatilidade;
• U é de uncertainty, que
significa incerteza;
• C de complexity, que
significa complexo;
• A de ambiguity, que
significa ambiguidade.
Você pode ouvir falar de VUCA
em vários contextos e o que eu quero dizer é que esse acrônimo é usado para
mostrar e caracterizar o mundo que vivemos hoje.
E como preparar as crianças para esse mundo?
Uma pergunta que surge quando a gente vê tantas mudanças acontecendo no
contexto atual e mudanças acontecendo tão rapidamente é como preparar as
crianças para esse mundo?
Um dado do Fórum Econômico Mundial diz que 65% das crianças que estão em
escola primária hoje vão trabalhar em empregos que ainda não existem. Esse
número pode parecer um pouco assustador se a gente pensar que quase dois terços
das crianças vão trabalhar em atividades que hoje não existem. Confesso que eu
fico bem curiosa para saber onde estarão e o que estarão fazendo os outros 35%.
(Acredito que serão em sua maioria músicos e artistas, mas é só um chute!).
Estudiosos do mundo inteiro e pesquisadores de grandes universidades,
como Universidade de Harvard, Universidade de Columbia, Universidade da Pensilvânia junto com
psicólogos, neurocientistas, economistas, educadores, pedagogos e tantos outros
do mundo inteiro buscam entender como preparar as crianças para esse mundo.
Eles estudam basicamente o desenvolvimento das competências
socioemocionais. Porém existem outros nomes e conceitos associados que se você
pode encontrar. Apesar da diferença desses conceitos, muitas expressões são
utilizadas como sinônimos das habilidades do século XXI. Abaixo, estão algumas
delas:
• Habilidades do Século XXI
• Educação Para a Vida
• Protagonismo
• Habilidades de Caráter
• Hábitos de Vida
• Habilidades de Vida
• Educação por Valores
• Inteligência Emocional e Social
Por mais que existam diferenças conceituais, é possível encontrar esses
termos tratando das mesmas competências.
“A educação deve produzir mais do que indivíduos que consigam ler,
escrever e contar. Ela deve nutrir cidadãos globais que consigam enfrentar os
desafios do século XXI.” – Ban Ki-Moon
Fica claro diante de pesquisas e tendências do futuro que temos que nos
preocupar por um lado, com o desenvolvimento de competências socioemocionais,
de forma que nossos alunos desenvolvam a competência de aprender a aprender e
que possam se adaptar ao futuro. Por outro lado, o desenvolvimento de
competências técnicas voltadas para a tecnologia, como programação, por
exemplo, também parece ser fundamental para preparar nossos alunos para esse
futuro.
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