Pesquisar este blog

terça-feira, 15 de março de 2016

Crônica: A Casa da Minha Avó


Danuza Leão
Era uma das casas mais antigas do bairro. Com duas roseiras na entrada e um jardim imenso. Cheio de árvores, carregadas de frutas de tudo quanto é tipo. 
A casa era meio apertadinha, com quatro quartos para vovô, três filhas e seis sobrinhas. Lá não tinha nada chique ou caro, tudo era muito simples, mas o mais importante não era o materialismo e sim a união e o amor da família. 
Minha avó era uma cozinheira de primeira, fazia comidas deliciosas. Principalmente aos domingos quando a família se reunia para almoçar. Nesse dia ela caprichava pra valer, servia macarrão, frango cozido e suco de manga com laranja. Hum! Ainda sinto aquele cheirinho bom, cheirinho da comida e do carinho de vovó.  
Depois do almoço, íamos todos ao jardim contar piadas, histórias antigas, criticar os vizinhos e esperar a sobremesa que era sempre a mesma, mas nunca tinha o mesmo sabor, vovó sempre superava e surpreendia a gente: o famoso mousse de maracujá ou a gelatina de abacaxi sempre estavam mais gostosos do que da última vez. 
Todas as tardes tinha a hora do soninho, mas o gostoso mesmo era dormir a noite, pois minha avó ia até os quartos cantar a música da cuca e acariciar os netos para caírem no sono.
Quando acordávamos, o café já estava pronto. Uma mesa enorme, cheia de guloseimas que em segundos eram devoradas. 
A melhor de todas as coisas era roubar milho de uma data que ficava pertinho de casa. Eu e minhas primas corríamos por aquele mato que cobria nossa cabeça e fazíamos campeonato para ver quem grudava mais carrapichos na roupa. 
Quando chegávamos em casa era a pior hora do dia, pois tínhamos que tomar banho. Morríamos de medo de ficar no banheiro sozinhas. Naquele tempo minha prima mais velha ia para escola e como era muito sapeca, dizia-nos que havia uma loira burra no banheiro, e que a qualquer momento ela nos agarraria e puxaria para dentro da privada, o banheiro era diferente dos banheiros que temos hoje, havia apenas uma casinha sobre um buraco onde fazíamos nossa necessidades e para onde a loira burra deveria nos levar.
Como toda criança inocente nós acreditávamos, e minha avó muito brincalhona, se aproveitava para nos dar sustos. Ela adorava ver nossa carinha de medo, e como castigo recebia muita coceguinha e tinha que nos deixar ajudá-la a fazer os famosos bolinhos de chuva com canela. 
Aquele foi o melhor tempo de toda minha vida, e hoje quando me lembro de todas aquelas travessuras e gostosuras, fico com muita saudade de minha avó que já não está mais entre a gente, mas penso que ainda iremos nos encontrar novamente, e se um dia eu for avó, desejo ser igual a ela: corajosa, amiga, fiel, amorosa e acima de tudo feliz.
Fonte: Crônica de autoria: Danuza Leão
Imagens: Internet

Nenhum comentário:

Postar um comentário