A didática do afeto: o amor como forma de ensinar
Texto de Bruna Estrela
Esse tema é
diferenciado e pode ser introduzido no currículo escolar das nossas escolas
públicas e privadas. E para refletir sobre isso – utilizo as ideias – de quatro
teóricos da educação, que nos fornecem o conhecimento para aprender a didática
do afeto, ou seja, o amor como jeito de ensinar.
O psiquiatra
chileno, Cláudio Naranjo, destaca que quando há amor na forma de ensinar, o
aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo. Segundo Naranjo investir numa
didática afetiva é a saída para estimular o autoconhecimento dos alunos,
sobretudo, de crianças e adolescentes, formando seres autônomos e saudáveis.
Nessa
perspectiva, o papel do educador é levar o aluno a descobrir, refletir, debater
e constatar. Para isso, é essencial estimular o conhecimento de si mesmo,
respeitando as características de cada um. Tudo é mais efetivo quando a criança
entende o que faz mais sentido para ela.
No ponto de
vista didático, os nossos educadores devem ser mais amorosos, afetivos e
acolhedores, como um modo mais eficaz de ajudar – todos os alunos – não só os
melhores a realmente aprender e assim mudar o mundo.
Nesse contexto,
lembra Naranjo, precisamos de uma mudança da consciência e o melhor caminho é a
transformação da educação, por meio de uma nova formação de educadores
orientada não só para a transmissão de informações, mas para o desenvolvimento
de competências existenciais.
O psicanalista,
americano, Erich Fromm, afirma que a resposta madura para o problema da
existência é o amor. Sendo assim, o amor pode ser ensinado nas escolas, de
maneira maturada e consciente, pois o amor é acima de tudo a preocupação ativa
pela vida. É o cuidado de promover o crescimento daqueles que amamos.
Na visão de
Fromm, a escola pode ser transformada em um local adequado para ensinar o amor,
na mesma medida que se estuda música, pintura, carpintaria, escrita ou
arquitetura. Aprender amar requer prática, maestria e uma ação contínua, pelo
qual o esforço e o bom trabalho não deixam nada ao acaso ou à sua sorte.
O
neurocientista, português, António Damásio, alerta que é necessário educar
massivamente as pessoas para que aceitem os outros, porque se não houver
educação massiva, os seres humanos vão matar-se uns aos outros. Damásio avalia
que a vida emocional e sentimental são provocadora da nossa cultura, de
conflito ou de cooperação, que é a base fundamental e estrutural de vida.
Na mesma linha
de pensamento o filósofo, francês, Edgar Morin, constata que a verdadeira crise
é uma crise de relações humanas, uma incapacidade de constituir verdadeiras
relações afetivas, um mal antigo, que se tornou uma crise insustentável.
Portanto, com
base nesse conhecimento, podemos concluir que a escola é o melhor ambiente para
desconstruir a cultura do “desamor”, onde a didática do afeto pode ensinar
amar, como método de conhecermos a nós mesmos e para conhecermos os outros.
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