Pesquisar este blog

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Leitura: O caçador de pipas, Khaled Hosseini



O livro é todo narrado pelo personagem principal, Amir. O primeiro capítulo do livro fala sobre o momento mais atual da vida do Amir, quando ele já está adulto. Ele diz que recebeu uma ligação de um antigo amigo pra voltar ao Afeganistão porque ainda havia tempo para “ser bom”. A partir daí, Amir começa a contar sobre a sua vida desde a infância.

Amir era uma criança rica. Ele morava numa mansão, tinha criados e seu pai era um homem influente na região. Amir passava boa parte do tempo com Hassan, filho do empregado que morava nos fundos do quintal de sua casa, Ali. Hassan também praticava funções de empregado, pois ele era um hazara, e, pelo que o livro diz, hazaras são uma etnia do Afeganistão que trabalham apenas como serviçais. Por esse motivo, muitos os viam como uma raça inferior. Amir e Hassan, duas “raças” opostas, brincavam juntos, liam juntos (Amir lia para Hassan, pois este não sabia ler nem escrever) e soltavam pipas juntos.

Em Cabul, cidade onde se passa boa parte da história, havia uma competição de pipas. Várias crianças empinavam suas pipas e tentavam cortar as dos outros. O dono da última pipa que sobrava vencia. As pipas que eram cortadas e saíam voando eram como prêmios entre a criançada. Eles buscavam as pipas e levavam as que conseguissem apanhar para casa. Hassan era um exímio caçador de pipas. Ele sabia onde a pipa ia cair, sem olhar para o céu. E é em uma dessas caças a uma pipa durante um campeonato que acontece algo que vai transformar a vida dos dois amigos. Amir e Hassan se perdem um do outro enquanto Hassan procurava uma das pipas que havia sido cortada. Quando Amir o encontra, ele vê Hassan sendo violentado sexualmente por Assef, um rapaz que anteriormente havia sido desafiado por Hassan e considerou isso um insulto por ele ser um hazara. Assef era um bully, ele constantemente batia em outras crianças e não suportou ser enfrentado por Hassan, tramando, assim, uma emboscada para se vingar. Amir observa toda a cena, escondido. Ele não vai ao socorro do amigo Hassan. E isso o atormentaria por todos os anos de sua vida.

Nos próximos meses de sua infância, Amir se afasta de Hassan, e este muda completamente de comportamento depois do trágico acontecimento. Ele fica mais calado, não sorri, e ainda encontra a frieza de Amir para piorar seus sentimentos. Amir se sentia culpado por não ter ajudado Hassan e arranja um jeito de fazer com que Ali, pai de Hassan, fosse demitido de casa. Em um dia chuvoso, algum tempo depois do campeonato, Amir observa Hassan e seu pai indo embora de sua casa. A partir daí, a história dá um salto de quase 10 anos, contando sobre a fuga de Amir e seu pai, o seu baba, para fora da cidade e, tempos depois, para fora do país, em direção aos Estados Unidos. Eles fogem, pois o Afeganistão entrou em crise política, havia bombardeios para todos os lados, pessoas morrendo nas ruas, e o Talibã impondo regras de comportamento muito severas.

Amir e seu pai passaram a morar nos Estados Unidos. O pai trabalhando num posto de gasolina e Amir fazendo faculdade para ser escritor. Desde criança, Amir gostava de ler e criar histórias, sendo muito incentivado por Rahim Khan, sócio de seu pai, que deu a Amir um caderno quando era criança. Amir conhece uma moça, a Soraya, e os dois se casam. Eles não conseguem ter filhos, apesar de todos os exames indicarem que ambos são completamente saudáveis e férteis. Amir encara isso como um castigo de Deus por suas atitudes quando criança. Baba, pai de Amir, descobre que está com câncer terminal e morre alguns meses depois. É alguns anos depois da morte de baba que Amir recebe uma ligação de Rahim Khan pedindo para ele voltar ao Afeganistão. Amir, então, encontra um jeito de se redimir e recuperar os anos perdidos com Hassan.

Como eu já havia lido dois livros do autor, eu consegui me adaptar bem ao seu estilo de escrita. Eu gosto muito do jeito que ele escreve, colocando termos da língua árabe, algumas vezes traduzindo imediatamente, outras vezes não. É fácil pegar as palavras no contexto, mas acredito que um leitor que pega “O Caçador de pipas” pela primeira vez possa ficar um pouco confuso, porém nada que atrapalhe na leitura. Os livros do Khaled Hosseini são bastante trágicos, portanto se você está em um momento mais alegre ou mesmo em um momento mais parado da história, pode ter certeza que algum muito ruim e triste está prestes a acontecer.

A história do livro me emocionou bastante em muitos momentos, mas principalmente no final. O final em si não é exatamente feliz, só que ele também não é triste. Podemos dizer que é um final real, concreto. Por causa de todo o sofrimento que os personagens passam durante toda a história, você fica esperando algo mais agradável no final, porém as últimas páginas deixam um sabor agridoce no seu paladar. Quase como se você esperasse que as vidas dos personagens tivessem tomado um certo rumo, mas o que aconteceu na realidade é suficiente. É realmente uma história muito emocionante e humana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário