Por Cristiane Soares Galdino
“Me deixa! Estou
estressado!” A geração que se estressa e se frustra por tudo. Que
se consideram eternamente infelizes. O que buscam esses meninos? O que lhes
prometeram? Que o importante é ser feliz? Que ele pode ser o que quiser, no
lugar que quiser? Que se cursar a faculdade X vai se realizar, que se estudar
na escola Y vai passar direto e depois é só correr para o abraço?
Jovens que vão aos consultórios com demandas frágeis e
de muito sofrimento. A dor da falta do não faltar. Sensação de não
pertencimento, de estar perdido, de não saber o que quer da vida, nem saber se
quer alguma coisa. Geração de poucos adjetivos.
O show das
três bandas foi TOP, a viagem à Disney foi LEGAL. O aniversário no buffet foi NORMAL. O casamento da melhor
amiga foi CHATO. E se sentem frustrados, mas não identificam o que lhes falta.
Choram pelo golfinho ferido, mas não tiram seu prato
da mesa do shopping.
Colaborar em casa é “favor”, arcar com despesas? Nem
pensar! Participar de tarefas, seja para fazer compras no supermercado,
alimentar os dogs, ir ao banco,
cartório, farmácia… tudo é postergado, é exaustivo.
Geração das polpas de frutas, não descasca laranja, não
chupa caroço de manga. Vive de sonhos áureos, mas não quer pisar no chão quente
para alcançá-los.
Começar a trabalhar sem muito ganhar, nem pensar. Quem
marca suas consultas, médicos, dentistas?
Não visita avós, não sai de seus quartos vivendo no
mundo irreal do Instagram. Aponta
defeitos com comentários maldosos nas redes sociais. Não elogia. Acredita que
todos exigem muito deles. Não oferecem seus préstimos. Reclamam do mínimo
obstáculo. Culpam os pais por “forçarem a barra”.
Na escola, solucionaram problemas matemáticos em
turmas avançadas e não conseguem solucionar problemas reais como tirar segunda
via de boletos, ir à repartição pública e lidar com burocracias…
Querem respostas rápidas, fáceis e ficam aborrecidos
sempre, mesmo quando essa resposta vem. Entediam-se. Trocam de escola, de
curso, de emprego, de parceiros, de amigos, nada e nem ninguém os compreende.
Nada os preenche.
Culpam o sistema, a família, o amigo difícil, o
porteiro chato, a coordenadora do curso, a lei, o chefe que exige. Reclamam do
almoço, de não ter roupa pra sair, de não ter dinheiro. Passam o dia no
ar-condicionado, consumindo o salário dos pais.
Andam de carro, uber,
táxi… Não lavam suas cuecas, nem suas calcinhas. Não buscam conhecimento. Nem
espiritualidade.
Não se encantam com decorações natalinas, nem com um
ipê florido no meio da avenida. Reivindicam direitos de expressão e não
oferecem nada em troca. Nenhuma atitude.
Consideram-se vítima dos pais. Julgam.
Juízes duros! Impiedosos! Condenam.
Choram pelo cachorro maltratado e desejam que o homem
seja esquartejado.
Compaixão duvidosa.
Amorosidade mínima.
“Preciso disso!
Tem que ser aquilo!” E haja insatisfação! Infelicidade.
Descontentamento. Adoecimento. Depressão. Suicídio…
Geração estragada. Inconformada. Presa em suas
desculpas. Acomodada em suas gaiolas de ouro.
Inertes, não assumem a responsabilidade de viver, de
se mexer, de traçar seu caminho, de enfrentar o que está fora da caverna de
Platão.
Postam sorrisos, praias paradisíacas, mas não se
banham no mar curador. Limpam o lixo na praia com os amigos e não arrumam a
própria cama. Em casa, estampam tristeza, sofrimento, dor… a dor de ter que
crescer sem fazer por onde… merecer.
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