Marcel
Camargo
Se olharmos à nossa volta, teremos uma visão pouco otimista sobre a
vida, uma vez que muita gente sem caráter vive em meio ao luxo e à riqueza.
Duvidaremos, de início, da máxima que diz ser o tempo implacável na colheita do
que cada um semeia, afinal, tem muita gente que semeia discórdia, porém, não
parece colher tempestade alguma, muito pelo contrário.
Isso ocorre porque nossa sociedade supervaloriza as aparências, as
conquistas materiais e tudo o que se pode consumir. Relacionamos
automaticamente o poder de compra de uma pessoa ao seu grau de felicidade, ou
seja, revolta-nos, por exemplo, políticos corruptos desfrutando de dinheiro
público impunemente. E, mesmo no nosso convívio social, não entendemos algumas
pessoas fúteis e mesquinhas vivendo em luxuoso conforto material.
Na verdade, porém, pouco ou nada sabemos sobre o que acontece na vida
particular de cada um, tampouco sobre o quanto estão lutando contra a própria
consciência, porque é quase impossível concebermos que alguém possa dormir
tranquilamente, por exemplo, enquanto desvia dinheiro público da educação ou da
saúde. Nem imaginamos como uma pessoa consegue tentar ferrar com a vida de
alguém e seguir tranquilamente orando aos domingos.
Mesmo que pareçam se tratar de maldades impunes, tais pessoas não devem
conseguir se olhar no espelho sem um mínimo de vergonha, não podem se sentir
bem o tempo todo, sem que a culpa lhes assombre os pensamento, mesmo que por
alguns instantes, a não ser que sejam psicopatas. A punição, às vezes, implica
ter que seguir com o peso do que se destruiu, vivendo uma tempestade íntima e
interminável. Ninguém vê ou percebe, mas a pessoa há de sofrer dentro de si.
Ainda que se diga o contrário, o mundo não é dos espertos coisa nenhuma,
a não ser apenas o que se relaciona àquilo que se compra, mas ninguém leva
consigo, dentro do coração. Como diz Chico Xavier, o mundo é dos honestos, que
engrandecem o mundo, tocando a vida das pessoas no que elas possuem de melhor.
E é essa grandeza que fica, é essa grandeza que se leva, porque ilumina, cura,
multiplica-se e salva. E se eterniza. E ponto.
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