Uma sociedade sustentada pelos pilares do respeito e da solidariedade
faz parte da essência de ubuntu, filosofia
africana que trata da importância das alianças e do relacionamento das pessoas,
umas com as outras. Na tentativa da tradução para o português, ubuntu seria “humanidade para com os outros”. Uma pessoa
com ubuntu tem consciência de que é afetada
quando seus semelhantes são diminuídos, oprimidos. – De ubuntu, as pessoas devem saber que o mundo não é uma ilha: “Eu
sou porque nós somos”. Eu sou humano, e a natureza humana implica compaixão,
partilha, respeito, empatia – detalhou em entrevista exclusiva ao Por dentro da
África, Dirk Louw, doutor em Filosofia Africana pela Universidade de
Stellenbosch (África do Sul). Dirk conta que não há uma origem exata da
palavra. Estudiosos costumam se referir a ubuntu
como uma ética “antiga” que vem sendo usada “desde tempos imemoriais”. Alguns
pesquisadores especulam sobre o Egito Antigo (parte de um complexo de
civilizações, do qual também faziam parte as regiões ao sul do Egito,
atualmente no Sudão, Eritreia, Etiópia e Somália) como o local de origem do ubuntu como uma ética, mas o próprio fundamento do
ubuntu é geralmente associado à África
Subsaariana e às línguas bantos (grupo etnolinguístico localizado principalmente
na África Subsaariana).
No fundo, este fundamento tradicional africano articula um respeito
básico pelos outros. Ele pode ser interpretado tanto como uma regra de conduta
ou ética social. Ele descreve tanto o ser humano como “ser com-os-outros” e prescreve que “ser-com-os-outros” deve ser
tudo. Como tal, o ubuntu adiciona um sabor e
momento distintamente africanos a uma avaliação descolonizada – contou o
especialista e membrofundador da South African Philosopher Consultants
Association.
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da África
Na esfera política, o conceito é utilizado para enfatizar a necessidade
da união e do consenso nas tomadas de decisão, bem como na ética humanitária.
Dirk lembra que também existe o aspecto religioso, assentado na máxima zulu
(uma das 11 línguas oficiais da África do Sul) umuntu
ngumuntu ngabantu (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas)
que, aparentemente, parece não ter conotação religiosa na sociedade ocidental,
mas está ligada à ancestralidade. A ideia de ubuntu
inclui respeito pela religiosidade, individualidade e particularidade dos
outros.
Ubuntu ressalta a importância do acordo ou consenso. A
cultura tradicional africana, ao que parece, tem uma capacidade quase infinita
para a busca do consenso e da reconciliação (Teffo, 1994a: 4 – Towards a conceptualization of Ubuntu). Embora possa haver uma hierarquia de
importância entre os oradores, cada pessoa recebe uma chance igual de falar até
que algum tipo de acordo, consenso ou coesão do grupo seja atingido. Este
objetivo importante é expresso por palavras como Simunye (“nós somos um”, ou seja, “a união faz a força”) e slogans como “uma lesão é uma
lesão para todos” (Broodryk, 1997a: 5, 7, 9 – Ubuntu Management
and Motivation, de Johann Broodryk). Uso da palavra com a democracia na
África do Sul Após quase cinco décadas de segregação racial apoiada pela
legislação, o processo de construção da África do Sul no pós-apartheid exigia
igualdade universal, respeito pelos direitos humanos, valores e diferenças.
Desta forma, a ideia de ubuntu estava
diretamente ligada à história da luta contra o regime que excluía a cidadania e
os direitos dos negros.
Para conhecer a matéria completa, acesse Por dentro da África.
Natalia
da Luz, Por dentro da África
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