Seu texto, mesmo que esteja completo, coerente, enriquecido de
operadores argumentativos e bem trabalhado quanto à adequação ao tema, não será
considerado digno da nota máxima se os argumentos não tiverem a adequada
profundidade de reflexão e de desenvolvimento. Por essa demanda ser
fundamental, este post aborda dicas sobre como aprofundar sua argumentação, para
que, assim, você fique mais perto de conseguir a tão sonhada nota 1000!
Primeiramente, é importante que saibamos o conceito de argumentação.
Segundo o dicionário “Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis”,
argumentar é:
• Apresentar fatos,
provas ou argumentos, tirar as consequências de um princípio ou fato; concluir,
deduzir.
• Argumentar com a
história. Servir de argumento, prova ou documento.
• Chamar à discussão;
provocar controvérsia; altercar, brigar, discutir.
• Expor como
argumento; aduzir, alegar.
• Apresentar ou
enunciar argumentação sobre algum assunto.
Vejamos então alguns desses conceitos separadamente, para dar profundidade a eles. Percebe o que se pretende
aqui? Explicar melhor algo que só foi citado.
No primeiro tópico, disse-se que na argumentação é preciso apresentar fatos, provas.
O propósito é que, com isso, sejam comprovadas as suas ideias sobre o tema.
Observe o parágrafo a seguir, de um texto sobre o tema do Enem 2017, Desafios
para a formação educacional de surdos no Brasil:
Outro aspecto a ser discutido são os cursos de licenciatura, voltados
para a formação do profissional que atuará como professor, que apresentam uma defasagem no ensino de
metodologias que respeitem a condição de pessoas com deficiências, como os
surdos. [1] Devido a isso, os docentes não são aptos a atender às
necessidades específicas desses alunos, o que acaba os desmotivando. Como
consequência disso, as taxas de evasão escolar crescem. [2] Em 2010, o
Censo apresentou dados que apontam que 61% das pessoas com deficiência com 15
anos ou mais não possuem o ensino fundamental completo ou não tiveram acesso a
qualquer nível de instrução. [3] Tal problemática representa um
grave retrocesso.
Note que, segundo o autor do texto, no tópico em negrito, de número [1],
há um problema relacionado à formação dos profissionais da educação, que não
são capacitados efetivamente para garantir a inclusão dos surdos nas escolas.
Em itálico, marcado pelo número [1], ele destrincha o
porquê disso ser um problema ao trazer as consequências para o contexto
em discussão. Inclusive, mostrar a relação causa-consequência é uma forma de
argumentação também definida pelo significado da palavra (tirar as
consequências de um princípio ou fato).
Até aqui, porém, são só opiniões deste autor. São válidas, pois,
conseguem mostrar ao leitor de forma coerente como se dá o problema, mas o
argumento não pode ser considerado completo por não haver, ainda, a comprovação
dessa relação. Isso é feito no último período do parágrafo, marcado em negrito
e numerado [3]. Ao trazer o dado do Censo
2010, de que 61% das pessoas com deficiência com 15 anos os mais não possuem
ensino fundamental completo ou não tiveram acesso a qualquer nível de
instrução, comprova-se, finalmente, a
argumentação pretendida. Agora, sim, podemos afirmar que foram apresentados
fatos e provas.
E por que esse
processo é tão importante?
Bom, o descritor da competência III define que o participante deve
demonstrar na redação a capacidade de selecionar, relacionar, organizar e
interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de
vista. Direcionar a produção por meio de causas, consequências e explicações,
por exemplo, são formas de defender a tese e, principalmente, convencer o
leitor de que ela é válida.
Temos 3 dicas
básicas para você aprofundar sua argumentação:
• Use dados;
• Referencie
situações conhecidas;
• Selecione
argumentos mais fortes.
Sabemos que é difícil gravar dados estatísticos sobre os vários assuntos
cogitados como tema do Enem. Seria, inclusive, inviável tentar decorá-los. Mas
você pode, pelo menos, tentar alguns mais gerais. Por exemplo, tenha como
“carta na manga” algum dado geral sobre educação, outro sobre saúde e outro
sobre meio ambiente. Além disso, você pode usar os que são disponibilizados nos
textos motivadores da proposta de redação.
Se não tiver dados, tudo bem! Por que não contar um fato, noticiado,
como exemplo para elucidar sua tese? Desde já, comece a prestar atenção nas
notícias do jornal e ler reportagens, por exemplo. Assim, você conseguirá, com
propriedade, descrever uma situação em seu texto para comprovar o que você tem
a problematizar a respeito.
Além disso, dentre as opções de explicação dos argumentos que você tem,
procure escolher aquela que for mais impactante. Você terá mais chance de
convencer o leitor quanto mais grave demonstrar que o problema é. Por exemplo,
sabemos de uma das consequências do uso do cigarro são as doenças respiratórias
que podem causar. Porém, seja mais específico: elas doenças podem levar à
morte. Grave! Agora apresente dados ou exemplos que comprovem.
De forma geral, a regra é sempre questionar ao máximo se todo o seu
argumento é autoexplicativo no texto. Assim, não haverá brechas para que o
corretor veja falhas na sua argumentação.
Lembrando que para ser capaz de escrever um bom texto e, inclusive,
demonstrar as habilidades citadas acima, é preciso ter um bom repertório
sociocultural!
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