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segunda-feira, 15 de abril de 2019

Como aprofundar sua argumentação


Seu texto, mesmo que esteja completo, coerente, enriquecido de operadores argumentativos e bem trabalhado quanto à adequação ao tema, não será considerado digno da nota máxima se os argumentos não tiverem a adequada profundidade de reflexão e de desenvolvimento. Por essa demanda ser fundamental, este post aborda dicas sobre como aprofundar sua argumentação, para que, assim, você fique mais perto de conseguir a tão sonhada nota 1000!

Primeiramente, é importante que saibamos o conceito de argumentação. Segundo o dicionário “Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis”, argumentar é:

Apresentar fatos, provas ou argumentos, tirar as consequências de um princípio ou fato; concluir, deduzir.
Argumentar com a história. Servir de argumento, prova ou documento.
Chamar à discussão; provocar controvérsia; altercar, brigar, discutir.
Expor como argumento; aduzir, alegar.
Apresentar ou enunciar argumentação sobre algum assunto.

Vejamos então alguns desses conceitos separadamente, para dar profundidade a eles. Percebe o que se pretende aqui? Explicar melhor algo que só foi citado.

No primeiro tópico, disse-se que na argumentação é preciso apresentar fatos, provas. O propósito é que, com isso, sejam comprovadas as suas ideias sobre o tema. Observe o parágrafo a seguir, de um texto sobre o tema do Enem 2017, Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil:

Outro aspecto a ser discutido são os cursos de licenciatura, voltados para a formação do profissional que atuará como professor, que apresentam uma defasagem no ensino de metodologias que respeitem a condição de pessoas com deficiências, como os surdos. [1] Devido a isso, os docentes não são aptos a atender às necessidades específicas desses alunos, o que acaba os desmotivando. Como consequência disso, as taxas de evasão escolar crescem. [2] Em 2010, o Censo apresentou dados que apontam que 61% das pessoas com deficiência com 15 anos ou mais não possuem o ensino fundamental completo ou não tiveram acesso a qualquer nível de instrução. [3] Tal problemática representa um grave retrocesso.

Note que, segundo o autor do texto, no tópico em negrito, de número [1], há um problema relacionado à formação dos profissionais da educação, que não são capacitados efetivamente para garantir a inclusão dos surdos nas escolas. Em itálico, marcado pelo número [1], ele destrincha o porquê disso ser um problema ao trazer as consequências para o contexto em discussão. Inclusive, mostrar a relação causa-consequência é uma forma de argumentação também definida pelo significado da palavra (tirar as consequências de um princípio ou fato).

Até aqui, porém, são só opiniões deste autor. São válidas, pois, conseguem mostrar ao leitor de forma coerente como se dá o problema, mas o argumento não pode ser considerado completo por não haver, ainda, a comprovação dessa relação. Isso é feito no último período do parágrafo, marcado em negrito e numerado [3]. Ao trazer o dado do Censo 2010, de que 61% das pessoas com deficiência com 15 anos os mais não possuem ensino fundamental completo ou não tiveram acesso a qualquer nível de instrução, comprova-se, finalmente, a argumentação pretendida. Agora, sim, podemos afirmar que foram apresentados fatos e provas.

E por que esse processo é tão importante?

Bom, o descritor da competência III define que o participante deve demonstrar na redação a capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Direcionar a produção por meio de causas, consequências e explicações, por exemplo, são formas de defender a tese e, principalmente, convencer o leitor de que ela é válida.

Temos 3 dicas básicas para você aprofundar sua argumentação:

Use dados;
Referencie situações conhecidas;
Selecione argumentos mais fortes.

Sabemos que é difícil gravar dados estatísticos sobre os vários assuntos cogitados como tema do Enem. Seria, inclusive, inviável tentar decorá-los. Mas você pode, pelo menos, tentar alguns mais gerais. Por exemplo, tenha como “carta na manga” algum dado geral sobre educação, outro sobre saúde e outro sobre meio ambiente. Além disso, você pode usar os que são disponibilizados nos textos motivadores da proposta de redação.

Se não tiver dados, tudo bem! Por que não contar um fato, noticiado, como exemplo para elucidar sua tese? Desde já, comece a prestar atenção nas notícias do jornal e ler reportagens, por exemplo. Assim, você conseguirá, com propriedade, descrever uma situação em seu texto para comprovar o que você tem a problematizar a respeito.

Além disso, dentre as opções de explicação dos argumentos que você tem, procure escolher aquela que for mais impactante. Você terá mais chance de convencer o leitor quanto mais grave demonstrar que o problema é. Por exemplo, sabemos de uma das consequências do uso do cigarro são as doenças respiratórias que podem causar. Porém, seja mais específico: elas doenças podem levar à morte. Grave! Agora apresente dados ou exemplos que comprovem.

De forma geral, a regra é sempre questionar ao máximo se todo o seu argumento é autoexplicativo no texto. Assim, não haverá brechas para que o corretor veja falhas na sua argumentação.

Lembrando que para ser capaz de escrever um bom texto e, inclusive, demonstrar as habilidades citadas acima, é preciso ter um bom repertório sociocultural!

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