Por Fabrício Carpinejar
Um cachorro escuta quatro vezes melhor que uma pessoa.
Assim escuta a 8 metros o que o homem só escuta a 2 metros. Ele detecta a
origem do som com precisão, em apenas 0,06 segundo.
Você nem entrou em casa e o cachorro já ouviu você
chegando. Você mal acordou, pisou o pé dentro do chinelo e o cachorro já corre
para a porta do seu quarto. Você vive querendo entender o que ele está
descobrindo – porque ele flagra os sons de insetos, da água correndo, do vento
mudando a sua direção, dos subterrâneos, das paredes. Escuta o que até aquele
instante parece invisível.
De repente a cabeça dele se inclina para um lado como
se ele estivesse de pé, em vigília, por um novo movimento. É um profeta do que
virá surgir. Pois alcança uma frequência entre 10 a 40.000 Hz, inacessível para
a escala humana, presa entre 16 e 20.000 Hz.
O cachorro prostra-se em sentinela e late para algo
que não aconteceu. Só não aconteceu para você, para ele aconteceu.
Não são fantasmas, são ruídos vivos se formando em
grandes distâncias.
Antes do celular tocar, ele olha para o seu celular.
Antes de algum objeto quebrar no chão, ele olha para os seus braços. Antes do
interfone vibrar, ele olha para o interfone.
O cão tem uma hipersensibilidade auditiva. Um
relâmpago é um terremoto para ele. Uma colisão de carros ao longe é uma colisão
de trens.
O cachorro escuta, inclusive, a sua lágrima antes de
cair, o batimento do seu coração alterado, uma dor antes de ser palavra, e vem
lamber o seu rosto e lhe oferecer conforto.
Dá para entender agora a violência que são os fogos de
artifício para os cachorros?
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