Texto de Bruna Estrela
Mãe é quem fica.
Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe
fica.
Às vezes não
fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho,
nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre
fica.
Fica neles. Se
eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a
professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou
de dar o remédio.
Mãe fica. Fica
entalada no escorregador do espaço kids,
pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se
certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não
perder mais tempo cozinhando.
É quando a gente
fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que
embalam. No colo que acolhe.
Mãe é quem fica.
Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora. Quando as certezas
se desfazem. Mãe fica.
Mãe é a teimosia
do amor, que insiste em permanecer e ocupar todos os cantos. É caminho de cura.
Nada jamais será mais transformador do que amar um filho. E nada jamais será
mais fortalecedor que ser amado por uma mãe.
É porque a mãe
fica, que o filho vai. E no filho que vai, sempre fica um pouco da mãe: em um
jeito peculiar de dobrar as roupas. Na mania de empilhar a louça só do lado esquerdo
da pia. No hábito de sempre avisar que está entrando no banho. Na compaixão
pelos outros. No olhar sensível. Na força pra lutar.
No coração do
filho, mãe fica.
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