O Menino que Descobriu o Vento estreou na Netflix e os assinantes classificaram
essa inserção no catálogo como um verdadeiro presente. O longa, dirigido por
Chiwetel Ejiofor, nos traz a história de um menino de Malawi que teria por
“missão” salvar a sua família e comunidade em que vive da fome.
Trata-se de um filme baseado em fatos reais, havidos recentemente em
Malawi, no continente africano.
Diante da falta de mantimentos em sua vila, o menino inventou um sistema
de captação de energia eólica, O que possibilitou bombear água para o cultivo
de alimentos na seca. Além de dirigir, Ejiofor, o diretor, é também ator. Ele
representa, na trama, o pai do menino William, é interpretado pelo queniano
Maxwell Simba. Este é a primeira atuação do queniano e tem arrancado aplausos
da crítica.
O filme tem por base a história verídica de William Kamkwamba. Ele tornou-se
conhecido mundialmente por sua invenção e se formou engenheiro na Universidade
de Dartmouth, uma ivy league americana. Para o crítico Octavio Caruso: “A viagem emocional de um pai e seu filho
excepcional em seu coração, captura a determinação incrível de um menino cuja
mente inquisitiva superou todos os obstáculos em seu caminho.”
Um filme cravejado de emoções, reflexões, e, acima de tudo, pleno de
humanidade.
Assista ao trailer:
Conheça
a história real que originou o filme
“O
menino que descobriu o vento”
Por
Nara Rúbia Ribeiro
Em 2009, William Kamkwamba, jovem que inspirou a criação do protagonista
do filme “O menino que descobriu o
vento”, gravou um vídeo no qual ele introduzia a sua palestra com a
seguinte observação: “Eu falarei
rapidamente sobre uma das minhas invenções que tenho mais orgulho” e, a
partir de então, descreve a “máquina
simples” que mudou a sua vida para sempre.
Conforme descrito no site R7, William Kamkwamba nasceu em uma
família de camponeses na vila de Kasungu, no Malaui. Apesar de sempre ter
vivido na pobreza, a situação se complicou em 2001, quando uma seca assolou a
região e causou grandes transtornos para toda a comunidade. Muitos morreram de
fome e William e sua família passaram a se alimentar apenas uma vez ao dia.
Embora em condições precárias de existência, ele decidiu continuar na
escola: “Eu estava determinado a fazer
qualquer coisa para poder aprender. Então eu fui para a biblioteca e li livros
de ciências, em particular de física”, conta. Ele não tinha domínio do
inglês, contudo nem mesmo isso o impediu o analisar e de interpretar figuras e
diagramas para tentar compreender o que estava nos livros.
Um desses livros, por “sorte” explicava como um moinho de vento poderia
bombear água e até mesmo gerar eletricidade. Esse livro mudou para sempre o
destino de William. “Bombear água
significava irrigação. Uma defesa contra a fome, pela qual nós estávamos
passando naquela época”. Foi aí que ele decidiu construir um moinho
sozinho.
Moinho
construído por William
Com esse objetivo bem delineado, o menino inventor teve que improvisar
matérias-primas essenciais para a construção. Para isso, valeu-se de um
ferro-velho e juntou tudo o que julgou útil: “quadro de bicicleta, roldana, tubo plástico, ventilador de trator,
amortecedor e outras peças enferrujadas bastaram para construir um moinho capaz
de gerar 12 watts de eletricidade – suficiente para ligar quatro lâmpadas e
dois rádios em sua casa. Depois, William partiu em outra missão: construir um
moinho capaz de gerar no mínimo 20 watts, o suficiente para bombear água e
irrigar toda a vila”.
Abaixo, confira a TED De William e saiba, por meio o próprio jovem, os
detalhes que inspiraram o filme:
Fonte: Site Revista Pazes
Crítica
de “O Menino Que Descobriu o Vento”,
de
Chiwetel Ejiofor
O
Menino Que Descobriu o Vento (The Boy Who Harnessed The Wind -2019)
William Kamkwamba (Maxwell Simba) é um garoto de 13 anos que sai da
escola que ama quando sua família não pode mais pagar pelos custos. Voltando em
segredo para a biblioteca da escola, ele encontra um caminho, usando partes da
bicicleta pertencente ao seu pai Trywell (Chiwetel Ejiofor), para construir uma
bobina eólica que, em seguida, salva sua aldeia da fome.
O cenário é apocalíptico, um líder político populista que mantém seu
próprio povo faminto na miséria controlada com fins ditatoriais, reagindo com
extrema truculência diante de qualquer voz que ouse se levantar contra seu
governo. Você pode pensar que estou escrevendo sobre o regime atual de Maduro
na Venezuela, mas a baixeza moral encabrestada disfarçada de assistencialismo
não é novidade, a administração da escassez é parte fundamental do processo
existencialmente deteriorante de todos os sistemas que são contrários à
alternância democrática de poder, já que é mais difícil de se controlar
indivíduos com valores firmes e que estão física e mentalmente saudáveis.
Na trama desta promissora estreia de Chiwetel Ejiofor na direção, somos
levados à um vilarejo de Malawi, no início dos anos 2000, para conhecer a
incrível história real do pequeno William Kamkwamba, fruto de um lar forjado
pela ousadia dos pais, que trilharam o caminho tortuoso e imprevisível das
colheitas. Só que, apesar de valorizar os esforços de todos à sua volta, o
menino possui uma fome insaciável por conhecimento. A resposta para as mazelas
ele encontra nas páginas dos livros. Ele fica entristecido por não conseguir
estudar à noite, por falta de eletricidade. A sua maior alegria é receber do
pai um traje limpo e novo para utilizar na escola. Ele, por suas atitudes,
ensina que o argumento da falta de oportunidades é a desculpa que o
incompetente escolhe para justificar sua preguiça intelectual.
Ao contrário do que a narrativa socialista prega, incentivando o
conflito entre semelhantes, o clássico “dividir para conquistar”, reduzindo as
minorias à estereótipos rasteiros, estimulando nelas o vitimismo e, por
conseguinte, a desesperada necessidade da mão salvadora estatal, moeda de troca
para a perpetuação política, não há pobreza que impeça alguém de tentar (e, com
esforço, conseguir) ser melhor, apenas a pobreza de espírito, que atinge todas
as classes sociais. A união da comunidade em tempos de crise é o que apavora e
enfraquece um ditador. William busca no lixão as ferramentas para construir a
ponte que o conduzirá para um futuro minimamente esperançoso, mas o garoto não
pensa apenas em seu benefício, ele arrisca tudo para garantir que seu povo
sobreviva.
Se a figura de autoridade educacional expulsa ele da sala de aula por
falta de pagamento, o garoto não pensa duas vezes, dá um jeito de se infiltrar
naquele recinto, absorvendo o máximo possível de informação. Como ele afirma
para o pai, durante uma acalorada discussão: “Há coisas que eu sei e você não
sabe”. E cabe ao mais velho engolir o orgulho e compreender que a escolha do
filho pela educação naquelas circunstâncias é intensamente mais corajosa do que
tudo que ele já fez na vida. O homem, com o suor do trabalho braçal, tornou
possível para o menino o ensinamento acadêmico, mas foi ele quem recebeu a
lição mais valiosa.
“O Menino Que Descobriu o
Vento” entrega atuações impecáveis de todo o elenco, alta dose de emoção (sem
forçar no melodrama), uma fotografia elegante do experiente Dick Pope, soluções
narrativas que evidenciam a mão segura de seu diretor, além de um frescor
revigorante na forma como trabalha a linda mensagem de resiliência, em suma,
desde já, um dos melhores filmes do ano.
Fonte:
Site A Grande Arte de Ser Feliz
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